segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Gerações na Literatura



Érico Veríssimo e Luís Fernando Veríssimo,
na casa onde Érico nasceu e que virou museu em Cruz Alta, em 1975.*

Depoimento de Luis Fernando sobre seu pai:

− A lembrança mais marcante que tenho do pai é dele escrevendo na mesa da sala de jantar, quando ainda não tinha a sua “toca” no fundo da casa. Ele datilografava com muita rapidez, deixando espaço entre as linhas para adendos e correções que depois passava a limpo.


Érico, com sua máquina de escrever, na “toca”.

A memória de Luis Fernando Veríssimo sobre Érico Veríssimo (1905-1975) evidencia que a literatura não surgiu por acaso na vida do escritor gaúcho, que completará 83 anos no próximo mês (26 de setembro de 2019). Mas o talento com as palavras, mais colocadas no papel do que faladas, não foi a única peculiaridade herdada do autor de romances como Um lugar ao Sol, O Tempo e o Vento e Incidente em Antares. Luis Fernando admite que o jeito calmo, “contrário a qualquer tipo de dramatização ou solenização, mais ouvinte do quer falante” como ele descreve, também é uma característica de Érico.

− Os meus filhos são unidos, amigos dos seus amigos e solidários, e isto vem do clima da casa e da família. Sem dúvida é uma herança do pai − comenta Luís Fernando, pai de Fernanda, 54, Mariana, 52 e Pedro, 39.

Lúcia, mulher do escritor, foi quem segurou as barras da família, tanto domésticas quanto pessoais, e teve o trabalho braçal de criar os filhos e gerenciar a casa, segundo Luís Fernando. Entre os valores que o casal passou adiante no lar está o bom humor, certamente um traço do escritor:

− Eu fui um pai não exatamente ausente, mas, digamos, distraído. Na medida em que os três são pessoas ótimas, que nunca nos deram maiores problemas, acho que eu e a Lúcia fizemos um bom trabalho.

(Matéria de Zero Hora, pelo Dia dos Pais de 2019)

A última visita de Érico Veríssimo a Cruz Alta: Já virou mais do que clichê falar de nosso conterrâneo mais ilustre. Mas até que estava demorando para postarmos algo sobre Érico Veríssimo. Faremos apenas um registro de fotografias para ilustrar a última visita que o escritor prestou à sua terra natal. Isso aconteceu em 18 de outubro de 1975, 40 dias antes de sua morte (28 de novembro de 1975).

A falta de Érico Veríssimo


Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de sexta-feira.*

Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.

Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda – como tarda!
a clarear o mundo.

Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente.

Falta o casal passeando no trigal.
Falta um solo de clarineta.

(Carlos Drummond de Andrade,
poema escrito logo após a morte de Érico Veríssimo)


Érico, Mafalda e os filhos Clarissa e Luis Fernando.

* Érico Lopes Veríssimo foi um dos escritores brasileiros mais populares do século XX.
Nascimento: 17 de dezembro de 1905, Cruz Alta, RS;
Falecimento: 28 de novembro de 1975, Porto Alegre, Rio Grande do Sul;
Cônjuge: Mafalda Halfen Volpe (1913 a 2003);
Nome completo: Érico Lopes Veríssimo;
Filhos: Luis Fernando Veríssimo, Clarissa Veríssimo.

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