Um
casal vai visitar um amigo, que acaba de acordar depois de anos em coma, devido
a um acidente automobilístico ocorrido em 1985. Ele está deitado na cama, aos
cuidados da esposa, O homem, em início de recuperação, um sujeito politizado,
está tomando conhecimento do que ocorre atualmente no Brasil.
A
mulher dele pede que tomem cuidado sobre o que irão falar para ele, pois ele
não pode ficar chocado com nada. Feitas as devidas recomendações, o homem fala
ao amigo:
− A
minha última lembrança foi aquela apoteose popular pela eleição indireta, no
Colégio Eleitoral, do Tancredo, coisa linda! Ele deve ter feito um bom governo.
A mulher olha constrangida ao
casal amigo, e eles, ao mesmo tempo:
− ...É fez sim...
Continua o paciente:
− Depois
dele, já estavam falando em eleição direta pra presidente, o povo deve ter
votado num civil, que, acho eu, fez um bom governante. Quem ganhou a eleição?
O amigo:
− Ganhou um tal de
Fernando Collor de Melo.
− E como foi o governo
dele?
Os três, se entre olhando:
− É, foi... bom...
Segue falando o ex-comatoso:
− Agora, pelo menos, não
temos um militar na presidência.
O amigo, constrangido:
− É... mais ou menos...
O ex-paciente continua:
− Agora
com os tribunais funcionando finalmente acabaram com a corrupção no nosso país.
A mulher dele e os amigos, se
olhando temerosos:
− É, finalmente!
Vamos mudar de assunto, diz a
mulher:
− Isto, diz o amigo.
O doente, curioso, pergunta,
então:
− Soube
que o Brasil estava interessado em sediar uma Copa do Mundo em 2014. Ele deve
ter ganhado para não passar um vexame como o de 1950. Nada poderia ser pior do
que perder de 2 a 1 para o Uruguai. Que vergonha!
Os três com os olhos cheios
de lágrimas:
− É, nada poderia ser
pior...
*****
(Adaptado e um quadro humorístico do programa “Zorra”,
da TV Globo, agosto de 2019)
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