sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Irapuru: o canto que encanta

 

Certo jovem, não muito belo, era admirado e desejado por todas as moças de sua tribo por tocar flauta maravilhosamente bem. Deram-lhe então o nome de Catuboré, flauta encantada. Entre as moças, a bela Mainá conseguiu o seu amor; casar-se-iam durante a primavera. 

Certo dia, já próximo do grande dia, Catuboré foi à pesca e de lá não mais voltou. 

Saindo a tribo inteiro à sua procura, encontraram-no sem vida, à sombra de uma árvore, mordido por uma cobra venenosa. Sepultaram-no no próprio local. 

Mainá, desconsolada, passava várias horas a chorar sua grande perda. A alma de Catuboré, sentindo o sofrimento de sua noiva, lamentava-se profundamente pelo seu infortúnio. Não podendo encontrar a paz, pediu ajuda ao deus Tupã. Este, então, transformou a alma do jovem no pássaro irapuru, que, mesmo com escassa beleza, possui um canto maravilhoso, semelhante ao som da flauta, para alegrar a alma de Mainá. 

O cantor do irapuru ainda hoje contagia com seu amor os outros pássaros e todos os seres da natureza. 

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Waldemar de Andrade e Silva. “Lendas e mitos dos índios brasileiros”:  São Paulo: FTD, 1999. 

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