O viaduto que virou símbolo da Capital
Leandro Staudt
Obra do viaduto em 1930
O Viaduto Otávio Rocha é um cartão-postal de Porto Alegre, cenário de gravações para propagandas e fotos de turistas. O arquiteto Lucas Volpatto publicou livro sobre esta bela obra, pensada para ser símbolo da cidade. Em Viaduto Otávio Rocha: ícone da Porto Alegre moderna (Editora Concórdia), descreve desde os planos até a entrega da construção, com detalhes técnicos do projeto.
No plano, a Rua General Paranhos, que virou a Avenida Borges de Medeiros, precisava ser alargada, encurtando a ligação do Centro com o Sul. O problema era vencer a colina, rompendo o maciço granítico.
A Intendência (Prefeitura) começou a escavação em 1926, mas faltou dinheiro. Em 1927, abriu concurso público de arquitetura. As soluções apresentadas em duas propostas não agradaram ao intendente Otávio Rocha, que escolheu o projeto de um terceiro engenheiro, que não participou da disputa. Manoel Itaqui fez o esboço com lápis em papel de embrulho durante conversa com o amigo intendente.
Otávio Rocha morreu antes do início das obras, que ficaram sob responsabilidade do sucessor, Alberto Bins. A construtora alemã Dyckerhoff & Widmann venceu a concorrência para a execução.
Centenas de quilos de dinamite destruíram a rocha. Em 22 de janeiro de 1930, uma falha causou detonação descontrolada. Uma grande pedra matou um homem que caminhava no local. Por causa da tragédia, a empresa trouxe o engenheiro alemão Willhelm Stein, especialista em explosivos na Primeira Guerra.
Devido ao atraso nas desapropriações, o prazo de um ano para a construção não foi cumprido. Em 1931, o viaduto estava liberado para a passagem dos bondes na ponte. Sem qualquer cerimônia de inauguração, a obra foi dada por concluída em 1933, quando entregaram a última rampa. O viaduto estava sem iluminação, o que gerou problemas de segurança.
A intendência ainda precisaria concluir a Avenida Borges de Medeiros, da Rua Andrade Neves até o Mercado Público, o que ocorreu apenas em 1935.
O viaduto só recebeu o nome de Otávio Rocha em 1954.
(Do jornal Zero Hora, dezembro de 2022)
Viaduto nos anos 1940
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