segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Histórias de paraquedistas VI

Chegar junto

(História adaptada de uma crônica de Stu Weber)



Corríamos todos os dias; mas aquela corrida foi especial.

Estávamos transpirando desde o momento em saímos da cama, antes do amanhecer, mas agora o suor gotejava por todos os poros de nossos corpos. Evidentemente, tratava-se de um treinamento físico na escola de soldados da tropa de fuzileiros paraquedistas do exército, e esperávamos que o esforço fosse enorme. Até mesmo que chegasse à exaustão. Mas, naquela manhã, não estávamos correndo de camiseta.

Estávamos correndo com a farda completa. Como de costume, a palavra de ordem era: “Saiam juntos, corram juntos, trabalhem juntos e cheguem juntos. Se vocês não chegarem juntos, nem precisam se preocupar em chegar!”

Em algum lugar, ao longo da corrida, em meio ao esforço, à sede e ao cansaço, meu cérebro registrou alguma coisa estranha em nossa formação. Notei que, duas fileiras adiante de mim, um soldado corria fora do compasso.

Ele era um rapaz grandalhão, ossudo e ruivo, chamado Anderson. Suas pernas movimentavam-se com rapidez, mas suas passadas estavam desencontradas das nossas. De repente, a cabeça dele começou a pender para um lado e para outro. O rapaz estava se esforçando demais. Quase a ponto de perder o equilíbrio.

Sem perder o passo, o soldado à direita de Anderson esticou o braço e pegou o fuzil do companheiro exausto. Agora, um dos soldados estava carregando dois fuzis nas costas. O dele e o de Anderson. O grandalhão ruivo conseguiu correr mais um pouco. Mas, enquanto o pelotão continuava a avançar, a mandíbula do rapaz arriou, seus olhos ficaram vidrados e as pernas movimentavam-se como pistões. Em seguida, sua cabeça começou a pender novamente.

Desta vez, o soldado à sua esquerda esticou o braço, retirou o capacete de Anderson, colocou-o debaixo do braço e continuou a correr. O pelotão prosseguiu. Nossos butes batiam na trilha de terra com som cadenciado. Toc-toc-toc-toc-toc-toc.

Anderson estava passando mal. Muito mal. Estava arqueado, prestes a cair. Mas não caiu. Dois soldados atrás dele levantaram a mochila de suas costas, e cada um segurou uma alça com a mão livre. Anderson reuniu as forças que ainda lhe restavam. Endireitou os ombros. E o pelotão continuou a correr. Sempre em frente, até a linha de chegada.

Saímos juntos. Retornamos juntos. E todos nós no fortalecemos com isso.

Chegar junto é muito melhor para o fortalecimento da alma de um paraquedista!




6 comentários:

  1. Sou Paraquedista e devo agradecer ao honrado "Chipanik" por ter pensado nesse simples mas, essencial dispositivo de segurança para a segurança de nossas vidas.
    Pqdt Portela.

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  2. Agradeço o comentário do amigo Soane Portela do Nascimento, Pqdt 43164 do 1986/2. São pequenos detalhes, como um pequeno pino, que fazem a nossa história. (Nilo da Silva Moraes)

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  3. EU ACREDITO QUE TODOS OS PARAQUEDISTAS DEVERIAM AGRADECER AO 44 POR ATERRAR EM SEGURANÇA

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  4. ( BRASIL ACIMA DE TUDO ), ARISTIDES PQDT 21735, ANO 1971, 2BIAET, CCSV2,SD 2312, PELOTÃO DE MRT 4.2.SENSACIONAL ESSE ESCLARECIMENTO.

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