(O recado safado do sertão)
Caricatura de J. carlos
José Pequeno no Depoimento que o
Matuto deu ao Delegado, conta a história de um homem chamado Manuel Brasa que
estava dormindo quando ladrões invadiram sua casa e atacaram a ele e sua mulher.
Seu delegado, eu estava
Dez horas ou menos seria
Deitado na minha cama
Quando começou o rolo
Lá na festa que havia.
Vi quando um gritou “pega”
E o outro disse “não cresça”
Bem perto da minha porta
Gritou um “não estremeça”
Se não eu mando esfolar
Todo o couro da cabeça.
Naquele momento eu vi
Quando quebraram a janela
E a porta da minha casa
Quando empurram ela
Maria caiu no chão
E eu caí por cima dela.
Mas logo me levantei
Saí correndo avexado
Maria também correu
Vendo o negócio envergado
Quando se pegou comigo
Já o rolo tinha entrado.
Pois eu vi perfeitamente
Quando todo o rolo entrou
O pau comia no centro
Quando um cabra me pegou
Devido aquele sujeito
Minha muié não gostou.
A muié com muita raiva
Pegou um cabra safado
Aquele mesmo sujeito
Que tinha me agarrado
Já vinha pra minha banda
Com o cacete levantado.
Esse cabra que me pegou
Se chamava Nicolau
Quase me deixava o corpo
Pior do que um mingau
Quanto mais eu me torcia
Mais ele empurrava o pau.
Quando ele me soltou
Eu não valia mais nada
Avistei minha muié
Deitada no chão, coitada
Chorando muito e gemendo
No cacete da negrada.
Vi um sujeito correr
Pra riba dela vexado
Ela debaixo de um
Fazendo um espulinhado
O outro ficou de banda
Já com o pau levantado.
Saltei no meio do terreiro
Anda achei um valente
Meti o pau por detrás
Meti o pau pela frente
O pau ficou esfolado
De tanto meter em gente. (...)
(Revista “Isto É”, de
28.06.1978)
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