sábado, 22 de novembro de 2014

Belos Poemas Brasileiros



Coração atado

Reynaldo Jardim

Prenderam o pássaro na gaiola.
O gato no apartamento.
O apartamento no edifício de vinte pavimentos.
O edifício prenderam no quarteirão.
O quarteirão, no bairro.
O bairro, na cidade.
A cidade ilhou-se nas unidades federativas
e tudo ficou preso em um país chamado
Brazil pelos americanos.
Como se não bastasse, acorrentaram tudo eu um
continente de duas partes, uma ao norte
outra ao sul, e uniram-se ambas pelo México
e adjacências. Prenderam os idiomas numa Babel,
os homens e raças e cores.
Prenderam meu coração ao teu coração
e por mais esforço
que façamos nãos conseguimos separá-los.

Nós

Eliane de Andrade Krueger

Quanto mais te busco
mais me perco.
Quanto mais te quero,
mais me anulo.
Quanto mais te desejo,
mais me consumo.
Quanto mais te amo,
mais te odeio.
Na prática,
pura matemática.
Você mais.
Eu menos.
Nós divididos.

Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... isto é saudade.

Solidão  não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... isto é equilíbrio.

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... isto é circunstância.

Solidão é muito mais do que isto. Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

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