Réquiem
para o melhor amigo
(Em 1964, Dolfh,
tranquilo e equipado,
prepara-se para
saltar de um C-82 da FAB.)
“Queda-te*, Dolfh,
levanta tuas orelhas de cão inteligente,
e ouve nossas
palavras de despedida.”
(Cap Pqd. William
Barcellos da Silva)**
**Pqdt 3277, do Turno 1957/5 - MS 585 e Prec 52.
*“Queda-te”, Dolfh! Levanta tuas
orelhas de cão inteligente e ouve nossas palavras de despedida, palavras de dor
e saudade daqueles que, tantas vezes, saltaram contigo.
Naquela manhã fatídica de
fevereiro de 1965, quando te despregastes do paraquedas e mergulhaste no vazio
arrastaste, em tua trajetória, um pedaço de nós mesmos.
Talvez nunca tenham te dito, mas
devias adivinhar pela nossa atitude e carinho, o quanto queríamos a ti e a teus
companheiros, e o orgulho que tu nos causavas, como ainda nos causa, a
existência de teus irmãos de matilha.
De repente, deixaste de
existir... deitado na grama úmida de Afonsos, parecias apenas dormir, só que
não levantarias, rápido e atento, ao comanda do teu condutor e tua cauda, agora
quieta para sempre, não mais abanaria freneticamente, em sorrisos espontâneos,
àqueles que te afagavam.
De tua matéria, resta agora
aquela cabeça empalhada que nos contempla no salão de honra; teu espírito de
cão fiel ronda o firmamento, ao lado dos legendários PILOTO, BISU e BIANCA e,
quando o vento sopra mais forte, nós ouvimos no seu lamento, os uivos de
saudade de nossa matilha celeste.
Retornaste aos céus, Dolfh, não
precisas mais de paraquedas; cumpre, entre as estrelas, ainda uma vez, a tua
missão divina de cão de guarda e cuida para que teu céu seja sempre propício a
singrá-lo, cavalgando as asas de nylon que Deus nos deu.
E quanto a tua matéria, pela
última vez, amigo velho:
- Queda-te!... Down! Resquiescat in Pace!
x.x.x.x.x.x.x.
Obs.1: Queda-te e Down - comandos internacionais
utilizados nos treinamentos de cães, significam: Quieto e deita.
Obs.2: Dolfh morreu em fevereiro de
1965, pois seu paraquedas se desprendeu de seu corpo.
Obs.3: Resquiescat in Pace, em
português, significa: Repousa em Paz.
CÃES PARAQUEDISTAS
Embora esta Brigada hoje não mais
detenha em sua organização um canil, destinado a “cães de guerra”, a trajetória
desta GU foi marcada pela presença de inúmeros animais, cuja atuação em muito
contribuiu, principalmente pela divulgação em inúmeras demonstrações, a partir
da década de 1950.
Assim, o registro de sua MEMÓRIA
HISTÓRICA, faz uma justa e oportuna menção à presença dos principais animais e
a homenagem aos veterinários, adestradores e integrantes do Canil, ao longo dos
tempos.
A partir do "PILOTO”, muitos foram os cães que se
destacaram no adestramento e nos saltos de pára-quedas, mercê do trabalho
fecundo e dedicado dos veterinários e tratadores, na preparação dos animais, quer
para atividades ligadas à operacionalidade, onde se incluía o salto de
paraquedas, em especial nos primórdios da tropa, quando das demonstrações,
destinadas à atração de recrutas, se fazia necessária a atração de voluntários
ao paraquedismo militar.
Acima e abaixo cão Piloto na porta do avião.
Cão Piloto sendo lançado pelo Sgt Edegar Marques, Pqdt 17, pioneiro.
Além
da pratica do salto, o constante aprimoramento da raça dos nossos cães,
principalmente da raça de pastores-alemães, resultou na conquista vários
prêmios de destaque em inúmeras exposições.
Entre tantos, pode-se destacar a realizada no
ano de 1966, realizada no Clube Piraquê, do Rio de Janeiro, quando as cadelas PHEDRA e TARUNA, conquistaram o 1° lugar e o cão BLENEN o segundo.
Nossos principais
cães
PILOTO
- da raça pastor
alemão, foi o primeiro cão paraquedista, brevetado no dia 27 Julho de 1951, pelo próprio
comandante, Coronel PENHA BRASIL,
na mesma cerimônia onde receberam o brevê 52 novos paraquedistas militares, participando do desfile
comemorativo, foto abaixo.
Na solenidade, sob a admiração dos
presentes, o cão recebeu também uma medalha de ouro que lhe foi concedida pelo KENEL CLUBE DO RIO DE JANEIRO (RJ).
Depois de submeter-se aos
treinamentos da ÁREA DE ESTÁGIOS,
com saltos da torre, arrastamento e os outros procedimentos, executou os cinco
saltos de qualificação, sendo o último no dia 26 Julho de 1951, a
bordo da aeronave C-47, 2063, sobre a ZL do GRAMACHO (RJ), sempre lançado pelo seu
adestrador, o Sargento Edgar marques (2).
A partir de então, passou a integrar
as demonstrações de salto por várias regiões do Brasil, sempre conduzido pelo
seu adestrador, sendo alvo da curiosidade e da admiração da grande platéia que
acorria para assistir aos lançamentos, sendo o grande fator da divulgação da
nossa GU, cuja principal finalidade era a de atrair novos voluntários.
Executou ao todo 46 (quarenta e seis) saltos, vindo a falecer em
1954, vítima de pneumonia. Foi embalsamado, ficando exposto nas
dependências da GU.
O paraquedas que usava em seus
saltos fora preparado pelo civil WILLIAM
BUSS, especialmente contratado para esse fim.
Outros Cães
Bianca - brevetada em 1957;
Bisu;
Buck - brevetado 58/8;
Lobo - brevetado em 8 Out 64;
Dolfh;
Niki - brevetado em 4 Nov 65;
A
Cadela - “CPP2”.
Além dos cães acima citados, foi
destaque, também, a “vira-lata” denominada “CPP2”, que saltava dentro de uma bolsa de transporte de
paraquedas, tendo executado cerca de 20 saltos. Acompanhava sempre a tropa,
tendo participado das manobras realizadas em CAVERÁ (RS), MARAMBAIA (RJ), GERICINO
e XEREM, todas no RJ, entre os anos de 1966 e 1968.
Cadela Saltadora Livre
No mês de setembro de 1981, a cadela “ALIXA”,
foi lançada sobre AFONSOS (RJ), com paraquedas de salto livre,
especialmente adaptado com o dispositivo “KAP-3” , de abertura automática.
Todo o equipamento e adaptações necessárias
para o lançamento, como paraquedas,
óculos, botas, toucas e outros apetrechos, foi preparado pelo atual
Capitão CARIBÊ LEMOS MONTE SANTO, um dos principais saltadores livres
desta GU.
Tratadores e Adestradores
A começar pelo citado Sargento EDEGAR
MARQUES (2), muitos foram os militares que realizaram excelente trabalho junto
ao canil, quer como Veterinários, Adestradores e Auxiliares, aos quais se
presta homenagem, incluindo o grande contingente de anônimos, de igual
importância pelo seu trabalho e dedicação. Majores SOUZA e GÓES e Sargentos ELIAS e RIBAS.
E outros, que por falta de melhores
dados e da memória, deixam de ser citados e que são credores de igual
referência.
Desativado, o canil passou à
responsabilidade da BRIGADA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS, subordinada
ao COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES.
(1) Morto durante a realização de salto em
Afonsos, na década de 60, sendo homenageado com bela crônica do Cap. WILLIAM
BARCELLOS DA SILVA.
Casemiro Scepaniuk: 28 de novembro de 1921 - 02 de fevereiro de 2016.
No ano de 2018, 3 Unidades da Bda Inf Pqdt possuem cães: 8º GAC Pqdt, 25ºBIPqdt e 36º Pel PE Pqdt. Os cães são considerados Pacotes e como tal são lançados. Informações transmitidas a Seç. Arq Hist, pelo 2ºSgt MERÇON, Adestrador.
ResponderExcluirValeu, amigo peps45, pela informação. Continue lendo e prestigiando o nosso almanaque. (Nilo Moraes)
ResponderExcluirNilo estou pesquisando sobre a presença do civil William Buss em vários saltos na Escola de Paraquedistas em 1951. Ele aparece nos saltos do cão Piloto e em outras ocasiões com outros civis - Coelho e Jader e tb em 1 salto como recolhedor de fitas, sempre sem saltar e também como fotografo. Aero C-47
ResponderExcluirVou tentar atender ao pedido do amigo, confesso que nunca ouvi falar de William Buss. Mas vamos à luta.
ExcluirSe tiver alguma novidade, avise-me. É um personagem muito interessante.
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