sábado, 4 de janeiro de 2020

Construção



Alheia aos movimentos e vozes ao redor, a menina se concentra em construir o seu castelo de areia. Forte como um dia de sol.

Arquitetando com métrica da descoberta, do entusiasmo. Cuidadosa, ela não esquece a porta da edificação, parte essencial para entrar ali todos os personagens de um mundo feliz.

Diante da imensidão do mar, lugar perfeito para o refúgio dos sonhos que chegam junto às ondas. Eles atravessam oceanos em busca de alguém que saiba defendê-los, cativá-los.

A menina sabe que amanhã, quando ela for à praia novamente, o castelo não estará mais naquele ponto. Não se entristece com a já constatada realidade de outras vezes. Sabe que a maré virá buscar a tão firme e mágica construção.

Os sonhos voltarão para o infinito.

Mas ela não os perderá de vista. Não desistirá. Mesmo com a distância, eles irão acenar. E a vida dali para a frente, será a sina de mergulhar, vencer as reviravoltas: reencontrá-los.

(Alina Souza, Correio do Povo, janeiro de 2020)

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