segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Viagem pitoresca e histórica ao Brasil

Pinturas de Jean Baptiste Debret*

O jantar


O jantar de um negociante era um ato íntimo sem o menor vestígio de etiqueta. O patrão queria comer inteiramente à vontade e já se preparando para o descanso que se seguia à refeição. A mulher entretinha-se com seus negrinhos de estimação. O calor e as moscas exigiam a presença de uma escrava com uma espécie de abano-espanador. Mulheres e crianças comiam com os dedos.

Funcionário público saindo com a família


Esta é uma das mais divulgadas litografias de Debret. O chefe da família, ao sair para um passeio, faz observar uma rigorosa ordem de precedência. Ele, naturalmente, rompe a marcha. Seguem-se os filhos, com os mais novos à frente, a mulher, já esperando outra criança, sua criada de quarto. As amas, o criado do patrão e mais alguns escravos do serviço doméstico. Esclarece o artista que esse costume alterou-se durante sua estada, passando os homens a dar braço às mulheres.

Uma senhora brasileira em seu lar


O trabalho do lar ocupava a dona da casa, as filhas e as escravas cada qual com suas atribuições especiais. Só depois de 1830 a educação musical e a leitura tornaram-se hábitos cultivados pelas famílias de posses.

Loja de sapateiro


Debret manifestou espanto diante do número considerável de pequenas fábricas de sapatos − especialmente femininos − que encontrou ao chegar ao Rio de Janeiro. Nesta loja, um sapateiro português castiga seu escravo dando-lhe uma série de “bolos” com uma palmatória. A mulher, enquanto aleita a criança que traz no colo, espia, curiosa, o castigo. À direita, os dois operários prosseguem, amedrontados, no serviço. As plantas representadas na parte inferior da prancha fornecem a cola destinada aos calçados  
  
Negras vendedoras de angu


De longa data se encontraram nas ruas do Rio de janeiro as vendedoras de angu. Começavam cedo suas atividades que duravam o dia inteiro. Como se pode observar, alguns fregueses levavam de casa suas sopeiras para enchê-las com o suculento petisco.

Barbeiros ambulantes


Estes barbeiros ambulantes tinham grande freguesia entre os chamados negros de engenho (constituídos de carregadores e de moços de recado), pedreiros, carpinteiros e marinheiros. Conduzindo seus instrumentos aboletavam-se em qualquer local para exercerem suas atividades. Segundo informações de Debret, eram obrigados a se apresentarem duas vezes por dia na casa de seus senhores para se alimentarem e entregarem o produto do trabalho.
  
O cirurgião negro


As moléstias mais comuns entre os negros eram os furúnculos, as doenças venéreas, a sarna, a erisipela e a tuberculose derivada, esta última, segundo Debret, do uso excessivo da cachaça. A cirurgia consistia, via de regra, na aplicação de ventosas ou de bichas, acompanhada de larga distribuição de amuletos.

Do livro:

“Debtret:
Todas as pranchas originais de Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”
Com legendas de Herculano Gomes Mathias,
(do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro)

*Jean-Baptiste Debret (Paris, França 1768 − idem 1848). Pintor, desenhista, gravador, professor, decorador, cenógrafo.


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