quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Mãe é Avó!



Mãezinha, venha comigo.
Senta-te, aqui, do meu lado.
Preciso falar contigo.
Um assunto delicado!

Escuta-me, só um pouquinho,
Mãezinha, mas com carinho.
Eu quis até começar...                                           
Conjugando o verbo amar,
Estou fazendo rodeio.
No fundo, porque receio
Que eu possa te magoar.

Minha doce confidente,
Quero ver-te sorridente,
Preciso desabafar.
É grave o que vou dizer!
Mas, o que posso fazer?

Mãezinha, ó grande amiga!
Ouve-me, em paz e sem briga,
Sou sincera e verdadeira.
Não me olhes de viés,
Respira fundo, mãezinha,
Por favor, conta até dez!

Tu falaste e eu ouvi,
Mas, na hora... esqueci...
Vacilei... não resisti...
Sou, certamente, a primeira,
A contar-te o quê?... Nem sei...
Não me digas que errei,
Sou humana e muito amei.

Esqueci... Me descuidei.
Teus conselhos foram tantos
Foram muitos, eu diria.
Porém, mãe, naquele dia,
Me esqueci... Não me lembrei...

Mãezinha querida, agora,
Não me odeies, por favor!
Não fui inconsequente.
Perdoa-me. Estou contente!
Dou graças ao Criador!

Fiz-me mãe, espontaneamente.
Fiz-me mãe, com muito amor.
Foi uma experiência excitante!
Sem óbices. Sem empecilhos.
Sou mãe e daqui em diante,
Tu és a avó dos meus filhos.

(Jair Teixeira*, janeiro de 2001)

*Jair Teixeira (1929-2020), foi jornalista, funcionário do TRT, da 4ª Região, anglicano e maçom. 

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