sexta-feira, 1 de maio de 2020

A noiva gaúcha de Garibaldi



Manoela e Giuseppe, montagem colorizada

Essa dupla nos ensina que nem toda história de amor termina bem:

Viveram felizes para sempre! O corsário de Nice (o italiano mais famoso da Revolução Farroupilha pela geografia atual é francês) levou sua Anita catarinense para lutar pela unificação italiana, tornou sua musa a heroína de dois mundos, Anita descansa em sua estátua em Roma, Manoela Amália Ferreira era conhecida como a noiva gaúcha de Giuseppe Garibaldi, seus restos foram incinerados, a vida dessa heroína farroupilha nos proporcionaram uma minissérie de sucesso: “A casa das sete mulheres”. Manoela Amália (para Mário Lago, Amélia é que era mulher de verdade, pra mim, Amálias também são, aliás, todas somos!) soube sublimar ser preterida e guardar em seu coração suas preciosas reminiscências.

Fátima Fabiana

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O Rio Grande do Sul e o Brasil há muito têm ouvido falar de um romance épico, em tempos da Revolução Farroupilha, entre o corsário italiano Giuseppe Garibaldi e a bela Manoela Amália Ferreira. Manoela e Garibaldi apaixonaram-se perdidamente, a ponto do futuro “herói de dois mundos” pedi-la em casamento somente alguns meses após seu primeiro encontro. Os pais de Manoela, entretanto, iriam impedir essa união, sob o pretexto de que ela estaria prometida a um dos filhos do General Bento Gonçalves da Silva, líder das forças republicanas. Apesar do impedimento, Garibaldi jamais esqueceria Manoela.

Em suas “Memórias”, ele mencionaria o “culto divinizante” que nutrira pela gaúcha de seus sonhos. Manoela, por sua vez, optaria por manter a chama de seu grande amor eternamente acesa. E assim o fez, por toda a sua vida. Morreu solteira, no início de 1903, na cidade de Pelotas, sua terra natal, onde era conhecida como “a noiva de Garibaldi”.

Respeitada por sua opção enquanto vivia, após a morte, Manoela atingiria o status de verdadeira heroína no imaginário popular gaúcho. Porém, decorrido mais de um século de sua morte, e apesar de seu grande apelo, a personagem real ainda se encontrava envolvida pelo manto do desconhecimento. Esta biografia de Manoela Amália objetiva fazer um resgate histórico há muito devido, não só através da reconstrução dos mais variados aspectos de sua vida no contexto do século XIX, como também do resgate dessa comovente história de sublimação de um grande amor, onde realidade e ficção muitas vezes se confundem ou tomam sentidos opostos. A história de um amor impossível vivida por Garibaldi e Manoela ainda ecoa nos dias de hoje, e nos revela que é somente através do amor que o ser humano encontrará as derradeiras respostas para seu conflito existencial.

Texto de promocional do livro:
“Mundo de Manoela Amália, a noiva gaúcha de Garibaldi”

Curiosidades:

Os restos mortais de Manoela ficariam sepultados no jazigo 326 G do Cemitério de São Francisco de Paula por um período de 10 anos, até serem incinerados às 8 horas da manhã do dia 24 de maio de 1913, findo o prazo de três meses a partir da data em que foram colocados em depósito à disposição de familiares, conforme dados encontrados nos autos de incineração da Santa Casa de Pelotas.

Portanto, não há túmulo para que se possa “visitá-la”. Na minissérie “A Casa das Sete Mulheres” Manoela foi citada com “A Noiva de Garibaldi”.


A foto que ilustra este texto foi guardada por um descendente de Bento Gonçalves que mora em Porto Alegre e que, embora sem assinatura, tenha uma grande probabilidade de ser ela própria, já que foi guardada por familiares de Bento em Camaquã. A assinatura posterior e digitalmente sobreposta foi retirada do inventário do pai de Manoela.

Após o término da revolução, Manoela voltou para Pelotas, onde viveu o resto da sua vida. Ela Morreu de Astenia Cardíaca (fraqueza do coração) aos 84 anos. E ficou conhecida na história como a “eterna noiva de Garibaldi”.

2 comentários:

  1. Muito bem explicado o amor de Manoela e Garibaldi. Texto claro. Estou lendo a Casa das Sete Mulheres. Adorando. E quis conhecer mais a vida desses dois enamorados.

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    1. Vale a pena também assistir à série produzida pela TV Globo sobre o livro "A Casa das Sete Mulheres", em que o ator Thiago Lacera faz o papel de Garibaldi; e a atriz Camila Morgado, o papel da "noiva" de Garibaldi.

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