sábado, 9 de maio de 2020

Não envergonhe sua mãe



Gosto muito de um vídeo do Mário Sérgio Cortella em que ele comenta a digna atitude de um maratonista espanhol. Em 2012, na reta final de uma prova, Fernández Anaya estava em segundo lugar quando reparou que o queniano à sua frente, que liderava com folga, havia diminuído o ritmo das passadas por acreditar que já tinha cruzado a reta de chegada. Em vez de aproveitar a bobeira do queniano e ultrapassá-lo, o espanhol alertou-o sobre seu equívoco. O queniano retomou o ritmo e venceu.

Logo após, um jornalista entrevistou o espanhol:

− Por que você deixou o queniano ganhar?

− Ele iria ganhar, apenas se distraiu uns metros antes da chegada.

− Mas você poderia ter tirado proveito.

− Que mérito teria minha vitória? Como iria explicar isso para a minha mãe?

Envergonhar a própria mãe deveria ser o limite ético de todos nós.

Na dúvida se está agindo certo ou errado, pergunte-se: o que minha mãe diria disso? Mesmo quando a mãe não é o estandarte moral que se espera, ainda assim, para todo filho, ela é suprema, e não há pior castigo do que desapontá-la.

Fico tentada em falar da mãe de você-sabe-quem, uma senhora simpática que, anos atrás, em entrevista, disse que criou o filho para “não ser estúpido, bruto, nem dizer besteira”. Pobrezinha.

(Parte de uma crônica de Martha Medeiros, em Zero Hora)


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