sexta-feira, 15 de maio de 2020

Leal e Valorosa



Título conhecido dado à cidade de Porto Alegre pelo Decreto Imperial nº 103, de 19 de outubro de 1841, para assinalar a coragem e determinação de seus habitantes na retomada da cidade aos farroupilhas. Apesar de o ilustre historiador Walter Spalding haver sempre grafado como “leal e valerosa”, esse título honorífico, induzindo o município a inscrevê-lo desse modo no listel (faixa vermelha do escudo acima) que encima o escudo de armas, a forma adotada pelo decreto original foi mesmo “valorosa”, de acordo, aliás, com o uso dominante no século XIX. Assim o registra a publicação oficial das Leis do Brasil e do mesmo modo aparecem as cópias remetidas à Câmara Municipal pelo presidente da Província, Saturnino de Souza e Oliveira, quando recebeu o ato procedente da Corte.

O engano do Prof. Spalding talvez decorresse da circunstância de que, por algum tempo, enquanto Joaquim José Afonso Alves foi secretário da Câmara Municipal, até o ano de 1842, o mesmo sempre grafou “valerosa” no cabeço das atas das sessões, certamente por idiossincrasia pessoal sua.  Todos os demais secretários, até o título cair em desuso em 1892, escreveram “leal e valorosa cidade de Porto Alegre”, nos termos precisos do decreto original.

Paço Municipal


A sede do governo do município, na Praça Montevidéu, oficialmente denominada Paço dos Açorianos, foi mandada construir pelo Intendente José Montaury em sua primeira gestão. O projeto é do italiano J. L. Carrara Colfosco. Lançada a pedra fundamental em 5 de abril de 1898, a construção foi iniciada em 28 de setembro do mesmo ano. Em abril de 1901 já estava concluída, permitindo que a mudança completa dos serviços do município se consumasse em 15 de maio. Além do gabinete do intendente, ali funcionaria o Conselho Municipal, a Secretaria, a Contabilidade, a Tesouraria e a arrecadação de tributos, além do Arquivo, da Inspetoria de veículos, da Assistência Pública e do 1º Posto Policial com o respectivo xadrez.

Seu custo total, de 500 contos de réis, demandou dotações orçamentárias de quatro anos. Na ocasião, a imprensa local salientou que a mão-de-obra e quase todos os materiais utilizados na obra haviam sido produzidos em Porto Alegre. O Paço Municipal foi erguido sobre terreno conquistado a uma das chamadas docas do Mercado, construído em meados do século XIX.

Do livro “Porto Alegre Guia Histórico”,
de Sérgio da Costa Franco – Editora da Universidade.


Cais do Porto 1892

Ao fundo, vemos o Mercado Público; no meio da foto, barcos e o braço do Guaíba que foi aterrado, e que seria o local da construção das duas prefeituras, a velha, na Praça Montevidéu e a nova, na rua Siqueira Campos. O porto atual seria construído mais adiante do centro da cidade.


Mercado Público:

À esquerda da foto acima, vemos as águas do Guaíba que ainda não tinham sido aterradas. Nesse local seria construída a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. As duas carroças, no meio da foto, estão onde hoje está a avenida Borges de Medeiros. O Mercado Público ainda não tinha o segundo andar.



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