sexta-feira, 29 de maio de 2020

Tragédia no Morro do Chapéu

Pesquisa: Gabriel Rodrigues da Silveira


A foto acima foi postada por Panair do Brasil em 29/01/2008 − Lockheed L.049-46-26 Constellation Panair do Brasil. Lockheed L.049-46-26 Constellation, registro PP-PCG (cn 2062). Ex Pan Am, matrícula NC88862, destruído em Sapucaia do Sul, Rio Grande do Sul − Brasil, em 28/07/1950.

O maior acidente aeronáutico do Rio Grande do Sul, até hoje, aconteceu no dia 28 de junho de 1950, ás 19 horas e 49 minutos com um Constellation da Panair do Brasil que chocou-se contra o Morro do Chapéu em Sapucaia do Sul, com 44 passageiros e sete tripulantes. Todos morreram...

O voo Panair do Brasil 099 decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de janeiro, às 15h47min, com 6 horas de atraso em relação ao horário de embarque oficial. O atraso ocorreu por conta de defeito em um de seus motores que necessitou ser substituído e testado num voo de inspeção. Deveria pousar no Base Aérea de Gravataí nos arredores de Porto Alegre às 18h40min.

O Constellation prefixo PP-PCG transportava 44 passageiros (muitos dos quais em férias no Rio de Janeiro por conta da Copa do Mundo de 1950) e 7 tripulantes, sendo pilotado pelo comandante Eduardo Martins de Oliveira (que estava prestes à completar 10 mil horas de voo em sua carreira), conhecido como Comandante Edu, um dos fundadores e porta-estandarte do famoso Clube dos Cafajestes.

Segundo os boletins meteorológicos, havia uma frente fria estacionária entre Porto Alegre e Florianópolis, causando grandes turbulências e chuva leve na capital gaúcha. Após algum atraso (causado pelas condições climáticas desfavoráveis) o Constellation iniciou aos procedimentos de aproximação para pouso na Base Aérea de Gravataí às 19h45min, porém abortou o pouso, arremetendo logo em seguida.

Durante a segunda tentativa de aterrissagem, perdeu contato com a torre e arremeteu novamente. Durante a terceira tentativa de aterrissagem, acabou chocando-se contra a região dos Morros do Chapéu e das Cabras por volta das 19h25min, explodindo logo em seguida. Com a explosão, foi deflagrado um incêndio na área, debelado apenas duas horas mais tarde.

Por conta da área ser de difícil acesso, as equipes de resgate levaram 2 horas até chegarem aos destroços onde foi constatada a morte de todos os tripulantes e passageiros. Os trabalhos de remoção dos corpos e limpeza da área, comandados pelo então Coronel Olímpio Mourão Filho levaram vários dias, por conta da área dos destroços ser de aproximadamente 2 quilômetros.

Em 1937 foi iniciada a construção do Aeródromo de São João. Suas obras previam pistas de até 3 quilômetros de extensão e uma estação de embarque. Por conta da Segunda Guerra Mundial, suas obras seriam paralisadas e todos os materiais desviados para obras de melhorias na Base Aérea de Gravataí.

Por conta disso, o Aeródromo de São João possuía equipamentos para permitir pouso por instrumentos, porém possuía 3 pistas de terra batida e não comportava aeronaves de grande porte como os Constelation, obrigando muitos voos a utilizarem as pistas maiores e pavimentadas da Base Aérea de Gravataí, que por sua vez somente operava pousos e decolagens com condições visuais.

O acidente causou grande comoção na sociedade gaúcha, sendo considerado à época o pior acidente aéreo do Brasil.

A comoção gerada foi tamanha que o Aeródromo de São João seria rebatizado Aeroporto Salgado Filho e, foram reiniciadas as obras de melhorias paralisadas na 2ª Guerra. Com isso o Aeroporto Salgado Filho foi dotado de um novo terminal de passageiros e de pistas maiores, acabando com as dificuldades de operação de grandes aeronaves.

Por conta do acidente, os compositores Fernando Lobo e Paulo Soledade, escreveram a canção “Zum-zum, ta faltando um” em homenagem ao Comandante Edu, interpretada por Dalva de Oliveira no carnaval de 1951.

Fonte: Desastre aéreo

(Do blog Fotos antigas do Rio Grande do Sul)

Comandante Edu

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