O ano em que o cinema drive-in estreou em Porto Alegre
O Park Auto Cine foi
inaugurado, na Zona Sul de Porto Alegre,
em novembro de 1970.
em novembro de 1970.
A
edição de Zero Hora do dia 10 de novembro de 1970 anunciava uma “novidade” como
opção de lazer para os moradores da Capital. Grande sucesso de comportamento
nos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960, quando atingiram o máximo de sua
popularidade, os cines drive-in, com quase 20 anos de atraso, finalmente
chegavam a Porto Alegre.
De
acordo com a reportagem, “no máximo até o próximo final de semana”, será
inaugurado, na esquina das avenidas Coronel Marcos e Arlindo Pasqualini, no
bairro Ipanema, o Park Auto Cine, com capacidade para receber 254 carros, numa
área de um hectare. Com uma tela que media 21m x 9m, preparada para suportar a
pressão de ventos com força de impacto equivalente a 17 toneladas, construída
em madeira laminada revestida de plástico e com pintura em PVA, o que
assegurava plena nitidez.
O
local foi concebido para que os veículos ficassem em rampas cuja inclinação, de
30 graus, garantia boa visibilidade para todos. A tela também tinha uma
inclinação vertical de 13 graus. O som era fornecido por alto-falantes
individuais com controle de volume que os motoristas apanhavam junto a balizas.
Em outros cinemas drive-in, como um que posteriormente foi instalado na praia
de Atlântida, no Litoral Norte, o som era sintonizado no rádio do carro numa
determinada frequência preestabelecida.
A
entrada era adquirida sem que se precisasse descer do carro, ao preço de três
cruzeiros pelo estacionamento do veículo e mais quatro cruzeiros por pessoa.
Também havia serviço de venda de lanches e bebidas, que podiam ser solicitados
com uma breve piscadela de faróis, para alertar o garçom.
(...)
Uma
das grandes vantagens salientadas no texto era a possibilidade de ir ao cinema usando trajes informais (como se estivesse em casa), como chinelos ou bermudas,
o que as salas tradicionais não permitiam. Quanto aos sorrisos maliciosos que
sempre surgem quando se fala em autocine, talvez pela influência da cultura
importada, os empreendedores afirmavam que não havia esse tipo de preocupação:
“Afinal, existem muitos outros lugares onde se pode estacionar sem pagar nada”.
Só que, certamente, menos seguros, né?
Reportagem de Zero
Hora anuncia a chegada do cine drive-in à Capital
(Do Almanaque Gaúcho de Zero Hora, 5 de fevereiro de
2020)
P.S.
Os filmes, que eram projetados na tela, não eram lá essa coisas, mas quem estava
ali para ver algum filme?
Discordo do seu PS. Grandes filmes foram projetados nesta tela em Ipanema. Eu mesma, aos 5 anos, pude assistir a alguns dentro da Simca do meu pai. Ali, vi Se Meu Fusca Falasse, um sucesso entre a criançada e que me marcou pra sempre. E ali, pude abrir meu cérebro pra vida, pro cosmos, pro passado e pro futuro e todas as suas possibilidades assistindo ao maravilhoso 2001 Uma Odisseia no Espaço, e foi com este filme que me apaixonei pela música erudita, que acabou sendo grande parte da minha vida, comecei a estudar música aos 5 anos logo depois do filme e adivinhe, a primeira música que "tirei" de ouvido na harpa e depois ao piano foi Danúbio Azul. Quando se escreve sobre um lugar, sempre é bom conversar com quem frequentou, buscar de alguma forma humanizar o texto e a história nele contada. De qualquer forma, agradeço por essa boa lembrança. Sempre morei no Menino Deus e Ipanema era onde se vinha apenas passear e tomar banho de rio, mas girei pelo país até voltar a morar aqui, e hoje vivo em Ipanema, bem pertinho de onde era o cinema. Aqui, ninguém sabe dessa história, são poucos os moradores antigos. Abraços, Carla Kunze, jornalista.
ResponderExcluirAmiga Carla, é claro que nesse cinema passou bons filmes e havia muita gente, a maioria, que ia assistir a filmes pelo prazer em adquirir cultura. Mas, na época pré-motel, ia, sim, muitos namorados para aproveitar o carro e o "escurinho do cinema"...
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