No
dia 14 de maio, a Igreja Católica comemora o dia de Santa Corona, considerada
protetora contra epidemias. Pouco se sabe sobre a história dessa mártir da
tradição cristã primitiva, que viveu no século II, na Síria. Embora a devoção
seja pouco difundida, o nome da santa experimenta uma onda crescente de
popularidade desde o início da pandemia do novo coronavírus.
Há
ambiguidade em torno das datas e locais do martírio de Santa Corona. Algumas
fontes apontam que ocorreu em Damasco, outras em Antioquia, mas a maioria
concorda que ela foi morta na década de 170 d.C., durante o reinado de Marco
Aurélio e por ordem de um juiz romano chamado Sebastian.
Conta-se
que Corona tinha 16 anos quando foi executada, de forma brutal, por professar a
fé. Ao ver soldados romanos torturando um homem, chamado Vitor, por se recusar
a negar Cristo, a jovem tentou ajudá-lo. Levada a julgamento, ela se declarou
cristã e também foi condenada à morte. Os soldados amarraram os membros de
Corona a duas árvores curvadas que, ao retornarem à posição vertical,
imprimiram uma força tão violenta que destruíram o corpo da jovem. Assim se deu
o martírio de São Vitor e Santa Corona.
Parte
das relíquias de Corona foi levada a Aachen pelo rei Otto III, em 997, e
guardada em um túmulo debaixo de um piso na catedral, que ainda pode ser visto.
Outra parte dos restos mortais de São Vitor e Santa Corona está preservada em
uma basílica na cidade de Anzu, na Itália.
Padroeira contra epidemias
Em
entrevista à Agência Alemã de Imprensa (DPA), em março, a porta-voz da Catedral
de Aachen, Daniela Lövenich, afirmou que a santa é invocada por vítimas de
epidemias. “Entre outras coisas, Santa Corona é considerada uma santa padroeira
contra epidemias. É isso que a torna tão interessante neste momento”, afirmou.
Rastrear
a origem dessa devoção, no entanto, não é tarefa fácil. De acordo com a Lexikon
des Mittelalters, uma enciclopédia alemã sobre a história e a cultura da Idade
Média, que reúne mais de 36 mil artigos em nove volumes, não há notícias
documentadas sobre a vida de Corona. As informações que compõem a devoção em
torno de seu nome foram transmitidas pela tradição oral.
A
enciclopédia indica que a santa foi invocada por caçadores de tesouros e
açougueiros e assinala que nada se sabe sobre um patronato especial contra
epidemias, segundo reportagem da agência católica de notícias ACI Digital.
Há
dúvidas se a santa se chamava realmente Corona ou se o nome se refere à moeda
da época (a palavra “corona” vem do latim e significa “coroa”). Ela também era
chamada de Stephania e alguns acreditam que a santa pode ter ficado conhecida
como Corona por ser invocada para “assuntos de dinheiro, loteria e jogos de
azar”, de acordo com a edição da enciclopédia publicada em 1931.
A
referência à possível veneração de Santa Corona por jogadores foi retirada nas
edições posteriores do livro. A edição mais recente da enciclopédia, de 2001,
afirma que, na Baviera e na Baixa Áustria, Santa Corona foi venerada como “patrona
da sorte” e “patrona dos caçadores de tesouros”, mas não traz referências ao
patronato contra epidemias.
A
Enciclopédia Ecumênica dos Santos, organizada pelo pastor protestante
aposentado Joachim Schäfer define Santa Corona como padroeira contra epidemias.
No entanto, a fonte não oferece informações sobre a origem deste patronato.
Ainda
não está claro, portanto, quando e como Santa Corona passou a ser invocada como
padroeira contra as epidemias. Sua festa é celebrada no dia 14 de maio pela Igreja
Católica e no dia 11 de novembro pela Igreja Ortodoxa.
(Do jornal Extra, maio de 2020)
Nenhum comentário:
Postar um comentário