Somos de uma geração que nunca mais vai voltar. Somos de uma geração que foi forjada no sofrimento de pequenas carências, mas que isso só fortaleceu o nosso caráter.
Uma geração que ia à escola e voltava a pé para casa sozinha ou com um grupo de amigos.
Uma geração que fazia a lição de casa sozinha para sair o mais rápido possível para ir brincar na rua.
Uma geração que brincava de esconde-esconde enquanto escurecia.
Uma geração que passou todo o seu tempo livre na rua, jogando com qualquer coisa que parecesse uma bola.
Uma geração que brincava na lama e fazia bolos com ela.
Uma geração que colecionava bolinhas de gude e jogava às brincas com os amigos.
Uma geração que adorava pirulitos coloridos.
Uma geração que fazia suas pipas ou pandorgas com suas próprias mãos.
Uma geração que sabia fazer barquinhos e chapéus de papel.
Uma geração que tinha álbuns de figurinhas.
Uma geração que ansiava achar uma bola de tênis para jogar taco com os amigos.
Uma geração que juntava ossos, vidros, metais, como cobre e alumínio, para vender no ferro-velho e ter dinheiro para a matinê de domingo.
Uma geração que, no sábado de aleluia, batia com pau num boneco, que fazia o papel de Judas.
Uma geração que, nos dias de São João e São Pedro, fazia uma fogueira e jogava foguetes coloridos para o céu e se alegrava com os seus ruídos.
Uma geração que pedia bênção a padrinho, à madrinha, à mãe, a pai e a avós.
Uma geração que sonhava com o Natal, na esperança de ganhar uma bola de couro nº 5, para levá-la para o campinho do bairro e jogar com os amigos.
Uma geração que tinha uma coleção de gibis, e os levava para a entrada da matinê de domingo nos cinemas, para trocar com qualquer garoto de sua idade, com os que não tinha lido ainda.
Somos de uma geração que andava descalça, brigava com os desafetos, contava piadas, se divertia com o pouco que tinha, vivia sem frescura e não tinha medo de andar livremente na rua, tomar banho de chuva em dias de temporal e ser feliz!
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