segunda-feira, 3 de abril de 2023

O vaivém

 

Era um dia um velho chamado Zuza, que trabalhava pelo ofício de carapina. A sua oficina era um brinco, sempre muito asseada, a ferramenta muito limpa, tudo nos seus lugares. 

Mas a mania do velho era batizar cada ferramenta com um nome apropriado. O martelo chamava-se toc-toc, o formão, rompe-ferro, o serrote, vaivém. 

Quando um carapina do lugar precisava de uma, corria logo à oficina do Zuza, a pedir-lhe de empréstimo. 

Mas, tantas lhe fizeram, demorando a entrega ou ficando com as ferramentas algumas vezes, que o velho resolveu parar com os empréstimos. 

Certo dia foi à oficina um menino, de mando do pai, e disse: 

− Papai mandou-lhe muitas lembranças e também pedir-lhe emprestado o vaivém. 

Mestre Zuza pôs as cangalhas no nariz e respondeu: 

− Menino, volta e diz a teu pai que se vaivém fosse e viesse, vaivém ia, mas como vaivém vai e não vem, vaivém não vai. 

(Lindolfo Gomes - Contos Populares Brasileiros).


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