quinta-feira, 20 de abril de 2023

Viver de Letras

 

Alexandre Dumas, nome ignorado até então, chegou a Paris e apresentou-se ao general Fay a quem fora recomendado. O velho militar indagou: 

- Que sabe o meu amigo? Estudou Matemática? 

- Não, general. 

- Mas tem, talvez, algumas noções de Geometria, de Física? 

- Desconheço inteiramente tais matérias. 

- E alguns rudimentos de Direito? 

- Também não, general. 

- E Latim ou Grego? 

- Muito menos. 

- Tem, acaso, prática de escritório comercial? 

- Nenhuma. 

Disse-lhe, então, o general, compadecido já de tanta ignorância: 

- Dê-me o seu endereço. Pensarei, oportunamente, num meio de ajudá-lo. Por enquanto não vejo nenhuma possibilidade a seu favor, tamanho é o desconhecimento que revela sobre todos os assuntos essenciais ao desempenho de uma profissão qualificada. 

Num recorte de papel estendido pelo general, Alexandre Dumas escreveu o seu endereço: 

- Estamos salvos! – exclamou o general. Tem, pelo menos, uma linda letra. Vamos aproveitá-lo como copista de textos na Biblioteca Nacional. 

Após iniciar o trabalho, Dumas foi agradecer ao general o emprego que lhe destinara. E disse-lhe: 

- Vou viver da minha “letra”, general; mas asseguro-lhe que, um dia, hei de viver das letras...* 

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* Alexandre Dumas escreveu “Os Três Mosqueteiros”. “O Conde de Monte Cristo”, “A Dama das Camélias”, “A Rainha Margot”, “O Homem da Máscara de Ferro”, entre outros romances famosos da literatura francesa.

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