Isaac Asimov
(1920 - 1992)
Quando eu estava no exército, fiz um
teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos.
A média era
100.
Ninguém na base tinha visto uma nota
dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal.
(Não significou nada – no dia
seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police)
Durante toda minha vida, consegui
notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito
inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.
Porém, na verdade, será que essas
notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo
específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que
formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade
intelectual parecida com a minha?
Por exemplo, eu conhecia um mecânico
que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer
80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.
Mas, quando acontecia alguma coisa
com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que
eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus
pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos.
No fim, ele
sempre consertava meu carro.
Então imagine se esses testes de
inteligência fossem preparados pelo meu mecânico. Ou por um carpinteiro, ou um
fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico. Em qualquer desses
testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria
mesmo considerado um ignorante, um estúpido.
Em um mundo onde eu não pudesse me
valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse
que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa
complicada eu me daria muito mal.
A minha inteligência, portanto, não é
algo absoluto, mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da
sociedade em que vivo.
Vamos
considerar o meu mecânico, mais uma vez.
Ele adorava
contar piadas.
Certa vez,
ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:
‒ Doutor, um surdo-mudo
entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos
no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão,
imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a
cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão.
Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria
e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como
o senhor acha que ele fez?
Eu levantei
minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.
‒ Mas
você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para
pedir.
Enquanto meu
mecânico gargalhava, ele ainda falou:
‒ Estou fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.
‒ E muitos caíram? - perguntei
esperançoso.
‒ Alguns, mas com você eu
tinha certeza absoluta que ia funcionar.
‒ Ah é? Por quê?
‒ Porque você tem muito estudo, doutor, sabia que não seria muito esperto.
E algo
dentro de mim dizia que ele tinha alguma razão nisso tudo.
(Tradução livre do
original “What is
inteligence, anyway?”)
Pensamentos de Isaac Asimov
“Apenas uma guerra é
permitida à espécie humana: a guerra contra a extinção.”
“Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância
que podemos solucioná-los.”
“Todas as religiões são a verdade sagrada para quem tem a fé, mas não
passam de fantasia para os fiéis das outras religiões.”
“A liberdade não tem
preço, a mera possibilidade de obtê-la já vale a pena.”
“O aspecto mais triste da vida de hoje é que a ciência ganha em
conhecimento mais rapidamente que a sociedade em sabedoria.”
“Espera mil anos e verás que será precioso até o lixo deixado atrás por
uma civilização extinta.”
“Eu não temo morrer e ir pro Inferno ou (o que seria consideravelmente
pior) ir para a versão popularizada do Paraíso. Eu espero que a morte seja um
nada e, por me remover todos os medos possíveis da morte, eu sou muito
agradecido ao ateísmo.”
E quem foi Isaac Asimov?
Isaac Asimov (Isaak Yudovich Ozimov,
em russo:
Исаак Юдович Озимов; Petrovichi,. 2 de janeiro
de 1920
-
Nova Iorque,
6 de abril
de 1992),
foi um escritor
e bioquímico
estadunidense, nascido na Rússia,
autor de obras de ficção científica e divulgação científica.
A obra mais famosa de Asimov é a série da Fundação, também conhecida como
Trilogia da Fundação, que faz parte da série do Império Galáctico e que logo
combinou com sua outra grande série dos Robots. Também escreveu obras de
mistério e fantasia, assim como uma grande quantidade de não-ficção. No total, escreveu ou editou
mais de 500 volumes,
aproximadamente 90 000 cartas ou postais, e tem obras em cada categoria
importante do sistema de classificação
bibliográfica de Dewey, exceto em filosofia.
Asimov foi
membro e vice-presidente por muito tempo da Mensa, ainda que com falta: ele os descrevia
como "intelectualmente combalidos". Exercia, com mais freqüência e
assiduidade, a presidência da American Humanist Association (Associação
Humanista Americana).
Em 1981, um asteróide
recebeu seu nome
em sua homenagem,
o 5020 Asimov.
O robô
humanóide "ASIMO" da Honda, também pode ser considerada uma homenagem indireta a
Asimov, pois o nome do robô significa, em inglês, Advanced Step in Innovative
Mobility, além de também significar, em japonês,
"também com pernas" (ashi mo), em um trocadilho linguístico em
relação à propriedade inovadora de movimentação deste robô.
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