segunda-feira, 22 de maio de 2023

Dois gênios sul-americanos

 

Gabriel Garcia Márquez e Mario Vargas Llosa 

(...) 

Em 1967, houve em Lima, no Peru, um encontro mágico entre dois então jovens escritores, já festejados nas suas aldeias, mas ninguém apostaria que aqueles dois sul-americanos no futuro seriam laureados com o Nobel de Literatura. 

O material de um diálogo de dois dias foi colocado num livro (Duas Solidões), editado pela Record (2022), (...) 

Uma das primeiras perguntas que Mario Vargas Llosa fez para Gabriel Garcia Márquez foi: “Todo mundo sabe para que serve um engenheiro, um arquiteto ou um médico, mas na sua opinião, como escritor, você serve para quê?” 

E gabo respondeu: “Eu acho que comecei a escrever quando descobri que não servia para nada do que queriam que eu servisse, como, por exemplo, trabalhar na farmácia do meu pai. E depois, quando comecei a escrever, me agradava que publicassem o que tinha escrito, porque percebi que eu escrevia para que meus amigos gostassem mais de mim”. 

E concluiu a resposta: “Agora, a verdade é que o fato de escrever obedece a uma necessidade urgente, e quem tem vocação de escritor tem que escrever, porque só assim vai se livrar das suas dores de cabeça e da sua má digestão”. 

Mais curioso é que mesmo as pessoas bem-sucedidas em geral não sabem dizer quando e por que decidiram ser o que seriam. 

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(Da crônica “Sobre como saber para que servimos”,

De J.J. Camargo, no Caderno Vida, de Zero Hora, 

20 de maio de 2023)

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