segunda-feira, 8 de maio de 2023

Lenda do Imembuí

 

Século XVIII. 

Um grupo de guerreiros brancos atravessa as verdejantes campinas do Rio Grande do Sul. Vão em busca do índio, premidos pela necessidade de braços para as lavouras. 

Os índios Minuanos, pressentindo a aproximação dos brancos, montam em seus fogosos cavalos e armados de flechas, boleadeiras e lanças rumam para as coxilhas. 

Ocultos ao longo do dorso dos cavalos, esperam eles o momento propício para se atirarem conta os invasores. 

Pouco depois, despencam-se, em galopadas, investindo numa saraivada de flechas. Surpresos, os guerreiros brancos respondem com tiros de armas de fogo. Mas pouco depois, retiram-se vencidos e em desordem. 

Caído por terra fica um moço ferido. A seu lado ajoelha-se, fascinada, Imembuí, uma jovem índia, atraída pela bravura do soldado. 

O prisioneiro é levado para o acampamento dos Minuanos. Enquanto esperam que se cure para o sacrifício, dão-lhe toda a liberdade. 

E o jovem branco resolve, então, fazer uma vila. Pacientemente, trabalha a madeira de uma corticeira. A índia já lhe tem amizade e está sempre a seu lado, nas horas de folga. 

Enquanto o vê trabalhar, canta suavemente os cantos doces e pitorescos de sua gente. 

Ainda não passara uma lua e na grande ocara celebra-se já o ritual do sacrifício. O prisioneiro está amarrado a um tronco. Os índios, à sua volta, cantam e dançam a sua morte. 

Depois, um grande silêncio cai sobre o acampamento. O chefe Minuano ordena que tragam o prisioneiro à sua presença. E fitando o moço, assim fala o cacique: 

- Que esta última derrota sirva de lição a teus irmãos. Os que vierem em busca de escravos hão de ser esmagados pelas patas dos nossos cavalos. 

Contudo, o chefe Minuano diz ao condenado que faça o seu último pedido. 

- Quero tocar pela última vez. Cantarei uma balada de minha terra. 

A jovem índia lhe traz a viola. Depois de uns sonoros acordes, o moço entoa uma canção triste. E as fisionomias transformam-se por encanto. 

A jovem Imembuí, enamorada do estrangeiro, roga aos seus que lhe poupem a vida. 

Seu apelo foi atendido. 

O branco passou a viver entre os Minuanos. 

Assim, Imembuí, com o guerreiro branco, reuniu em torno de si aqueles que primeiro povoaram Santa Maria. *

(Almanaque do Correio do Povo de 1967)

* Santa Maria, RS, é uma importante cidade gaúcha, antigo centro ferroviária do Rio Grande do Sul e polo universitário da América do Sul.

2 comentários:

  1. Bom Dia Nilo. Estou escrevendo um livro para distribuição gratuita para escolas Localizei 3 imagens (cabungo, cabungueiro e Pontado Melo em seu site que gostaria de reproduzir, citando seu blog como fonte. Autoriza? Grato Jorge Barcellos (email:barcellos@camarapoa.rs.gov.br).

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  2. Pode usar à vontade, meu amigo, muitas dessas imagens eu tirei da internet. Muito bom o teu projeto. Vai em frente!

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