terça-feira, 2 de maio de 2023

O “Passarinho” na Imprensa

 

(...) 

Deixa eu explicar o que é um passarinho. Em (19)54, o Nelson Rodrigues escreveu uma crônica (acho que na Última Hora, de Samuel Wainer) dizendo que a imprensa estava muito chata por falta de passarinhos. E explicava que antigamente era diferente. Que hoje (1954) não se mentia mais. Uma vez houve um incêndio na Lapa, mandaram um repórter para lá e reservaram a primeira página. O repórter voltou desanimado: apagaram o incêndio com um regador de jardim. Mas não aconteceu nada que dê notícia? Bem, disse o repórter, tinha um passarinho dentro de uma gaiola muito nervoso. Foi o bastante: Fogo Ameaça a Fauna da Lapa. 

Era isso: O Nelson estava dizendo que os jornalistas brasileiros não mais aumentavam a notícia, não criavam nenhum passarinho. E nas nossas conversas intercronistas a palavra passarinho é muito corriqueira. Eu, por exemplo, me considero um passarinheiro de marca maior. 

(Parte de uma crônica do livro:

 “Minha mulheres e meus homens”, de Mario Prata”

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