sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Ainda o amor

 

Nos dias que vivemos, muito se ouve falar a respeito do amor. Suspiram os jovens por sua chegada, idealizando cores suaves e delicados tons. Alguns o confundem com as paixões violentas e degradantes e, por isso mesmo, afirmam que o amor acaba. Entretanto, o amor já foi definido pelos Espíritos do Bem como o mais sublime dos sentimentos. Reveste-se de tranquilidade e confere paz a quem o vivencia. Não é produto de momentos, mas construção laboriosa e paciente de dias que se multiplicam na escalada do tempo. 

Narra o famoso escritor inglês Charles Dickens que dois recém-casados viviam modestamente. Dividiam as dificuldades e sustentavam-se na afeição pura e profunda que devotavam um ao outro. Não possuíam senão o indispensável, mas cada um era portador de uma herança particular. O jovem recebera como legado de família um relógio de bolso, que guardava com zelo. Na verdade não podia utilizá-lo por não ter uma corrente apropriada. A esposa recebera da própria natureza uma herança maravilhosa: uma linda cabeleira. Cabelos longos, sedosos, fartos, que encantavam. Mantinha-os sempre soltos, embora seu desejo fosse adquirir um grande e lindo pente que vira em uma vitrina, em certa oportunidade, para prendê-los no alto da cabeça, deixando que as mechas, caprichosas, bailassem até os ombros. Transcorria o tempo e ambos acalentavam o seu desejo, sem ousar expor ao outro, desde que o dinheiro que entrava era todo direcionado para as necessidades básicas. 

Em certa noite de Natal, estando ambos face a face, cada um estendeu ao outro, quase que ao mesmo tempo, um delicado embrulho. Ela insistiu e ele abriu o seu primeiro. Um estranho sorriso bailou nos lábios do jovem. A esposa acabara de lhe dar a corrente para o relógio. Segurando a preciosidade entre os dedos, foi a vez dele pedir-lhe que abrisse o pacote que ele lhe dera. Trêmula e emocionada, a esposa logo deteve em suas mãos o enorme pente para prender os seus cabelos, enquanto lágrimas significativas lhe rolavam pelas faces. Olharam-se ambos e, profundamente emocionados descobriram que ele vendera o relógio para comprar o pente e ela vendera os cabelos para comprar a corrente do relógio. Ante a surpresa, deram-se conta do quanto se amavam.

O amor não é somente um meio, é o fim essencial da vida. Toda expressão de afeto propicia a renovação do entusiasmo, da qualidade de vida, de metas felizes em relação ao futuro. 

O amor tem a capacidade de estimular o organismo e de lhe oferecer reações imunológicas, que proporcionam resistência para as células, que assim combatem as enfermidades invasoras. 

O amor levanta as energias alquebradas e é essencial para a preservação da vida. Eis porque ninguém consegue viver sem amor, em maior ou menor expressão. 

Redação do Momento Espírita com base em conto de Charles Dickens, imagem acima.

O escritor 

A vida do século dezenove não era fácil para o rapaz londrino. Enquanto seu pai definhava na cadeia por causa de dívidas, dores excruciantes de fome corroíam seu estômago. Para alimentar-se, o garoto aceitou um emprego colando rótulos em garrafas de graxa em lúgubre armazém infestado de ratos. Dormia em um quarto desolador no sótão com dois outros rapazolas, enquanto sonhava secretamente tornar-se escritor. Tendo estudado apenas quatro anos, possuía pouca segurança em suas habilidades. A fim de evitar os risos zombeteiros que esperava, escapou furtivamente no meio da noite para enviar seu primeiro manuscrito. 

Uma história depois da outra era recusada até que, finalmente, uma foi aceita. Não o pagaram por ela, mas, ainda assim, um editor elogiou seu trabalho. 

O reconhecimento que recebeu através da impressão daquela história mudou sua vida. Se não fosse pelo encorajamento daquele editor, ele poderia ter passado toda a sua vida trabalhando em uma fábrica infestada de ratos. 

Você pode ter ouvido falar nesse garoto, cujos livros causaram tanta mudança no tratamento dado às crianças e aos pobres: seu nome era Charles Dickens. 

Willy McNamara 

(Do livro: “Histórias para aquecer o coração”)

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