Luís Vaz de Camões* (1524-1579) nos deixou como herança literária os mais belos sonetos do classicismo português. (Para quem não sabe, ele também escrevia em castelhano). Este soneto trata de sua percepção de que tudo muda − tudo é fluxo.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade
Mudam-se os tempos, mudam-se
as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde
manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada
dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís
Vaz de Camões foi um poeta nacional de Portugal, considerado uma das maiores
figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental.
Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, de
uma família da pequena nobreza.
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