sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Meus poemas dos anos 70

 

O homem só e o rio 

O rio... um navio que desliza... mansamente...

A água turva e lisa como um espelho,

na manhã sem ventos, mas fria de inverno.

O homem só contempla, silencioso, sua vida. 

Um barquinho a motor corta as água.

Talvez, um pescador apressado na busca do seu rumo.

(O homem murmura... quem ama este rio?

Quem me ama?) 

O sol reflete pequenos pontos luminosos n'água.

Nuvens baixas, como flocos de algodão,

pairam no céu cinzento.

O homem caminha pelas margens do cais. 

Velhos marinheiros sonham com viagens

que nunca farão.

O rio segue seu rumo, já não é o mesmo,

como homem,

Que olha, triste, uma água-pé que desce a correnteza.  

Preciso 

Preciso de uma saudade, uma saudade imensa,

que eu chore, que eu sofra, me desespere.

Preciso de uma dor, mas uma dor tão intensa,

que me sangre, que me mate, me dilacere. 

Preciso de um amor, mas um amor tão forte,

Que seja puro, inquietante e o derradeiro,

do qual eu sempre bendiga tamanha sorte,

pois é infinito, o mais bonito e o verdadeiro. 

Preciso de música, de novos sons,

de novo sol e de novos mares;

de outros céus, com novos tons,

em outra galáxia como novos ares. 

Preciso de vida, de outras vidas,

Em novos mundos, com outras cores;

E novos versos e outras lidas,

e novas mulheres com outros amores.  

Momentos 

A felicidade só existe

no exato momento em que ela acontece. 

O amor só vale

no momento em que ele existe. 

O riso, o riso franco,

é a fração de um minuto de alegria. 

A beleza de alguma coisa

percebemos quando ela nos enternece. 

O som, uma música,

tem seu momento de infinita beleza

quando agrada nossos ouvidos. 

A poesia é bela

quando nos identificamos com ela. 

O sol é radioso

quando surge nas manhãs de inverno. 

A saudade, qualquer saudade,

não nos entristece

quando aquilo que nos deixou saudosos

temos certeza que vai voltar. 

A mulher, a melhor mulher,

é sempre aquela que nós não temos

E, talvez, nunca teremos. 

O amor, o amor mais intenso

é aquele que já tivemos

que nós já temos e que, ainda, teremos. 

(Poemas de Nilo da Silva Moraes)


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