Segundo
João Ribeiro, em sua obra “Frases Feitas”, era a camisa dos enforcados, dos
réus condenados à morte pelos tribunais civis ou pela Inquisição. Também
chamada de alva, era a túnica branca que eles vestiam para o suplício. A
estátua de Tiradentes, no Rio de Janeiro, mostra-o usando a camisa de onze
varas.
Chamava-se
pano de varas um tecido grosseiro, uma espécie de saragoça. Vara era medida de
comprimento correspondente à yard inglesa, a jarda. Uma vara equivalia a 1,1 metro . Logo, as onze
varas tinham 12 metros
e 10 centímetros .
A utilização do onze na expressão evidencia o tamanho que a camisa devia ter
para dar-lhe maior peso e acentuar o tormento.
Já
a sentença de onze golpes com varas sobre a camisa do condenado, segundo Luís
da Câmara Cascudo, seria também boa explicação para a expressão. Pena rápida e
pouco dolorosa, mas apregoada e pública na execução, o que lhe dava caráter de
notória humilhação. Daí o medo de sofrê-la.
Cá
entre nós, tem muita gente hoje, em nossa república tupiniquim, que bem merece
essa camisa ou as pancadas, não lhe parece?
(O Berço da Palavra – coluna de Márcio Cotrim em “O
Sul”)
Camisa de onze varas
O
dito popular “estar em camisa de onze varas” ou “ele se meteu em camisa de onze
varas” indica dificuldade grande em que alguém se mete e de que é difícil ou
impossível sair.
Vara
é uma medida antiga de comprimento, equivalente a 1,10 m . Na Inglaterra, por
volta do século XIX, era costume fazer os condenados a morte vestirem uma
camisa de pano branco, de onze varas. Com a vestimenta eles iam da prisão ao
local da forca em marcha lenta, dando a entender aos que viam que estavam
passando por dificuldade que não sairiam. O costume passou, mais tarde, a
outros países da Europa e as camisas de onze varas foram por muito tempo
vestimenta de presidiários. Eram então as vestes de quem se achava em
dificuldades com a lei.
Vara também é uma jurisdição forense. Por quê?
Segundo
alguns historiadores, os magistrados na Inglaterra traziam numa das mãos uma
varinha, símbolo de autoridade. Não tardou para que o povo chamasse Vara a
repartição em que trabalhava um magistrado.
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