A separação do casal Herivelto
Martins – Dalva de Oliveira deu motivo a uma polêmica musical, que se estendeu
por mais de dois anos (1950 – 1952). Dela participaram não apenas os
protagonistas do caso, mais diversos compositores que abasteciam o repertório
de Dalva. Uma peça importante é a música “Tudo acabado”, de J. Piedade e
Oswaldo Martins dando inicio à polêmica.
Dalva de Oliveira
Tudo acabado
(J. Piedade e Osvaldo
Martins)
Dalva de Oliveira
Tudo acabado entre nós
Já não há mais nada
Tudo acabado entre nós
Hoje de madrugada
Você chorou eu chorei
Você partiu eu fiquei
Se volta outra vez?
Eu não sei.
Nosso apartamento agora
Vive á meia-luz,
Nosso apartamento agora,
Já não me seduz
Todo egoísmo
Veio de nós dois,
Destruímos hoje
O que podia ser depois.
Herivelto Martins
Segredo
(Herivelto Martins)
Teu mal é comentar o passado
Ninguém precisa saber
O que houve entre nós dois
O peixe é pro fundo das redes
Segredo é pra quatro paredes
Não deixe que males pequeninos
Venham transformar os nossos
destinos
O peixe é pro fundo das redes
Segredo é pra quatro paredes
Primeiro é preciso julgar
Pra depois condenar
Quando o infortúnio os bate à
porta
E o amor nos foge pela janela
A felicidade pra nós está morta
E não se pode viver sem ela
Pra o nosso mal
Não há remédio, coração,
Ninguém tem culpa da nossa
desunião.
Que será?
(Marino Pinto e Mário
Rossi)
Dalva de Oliveira
Que será?
da minha vida sem o teu amor,
da minha boca sem os beijos teus,
da minha alma sem o teu calor.
Que será?
da luz difusa do abajur lilás,
se nunca mais vier a iluminar
outras noites iguais.
Procurar
uma nova ilusão não sei,
outro lar
não quero ter além daquele que
sonhei.
Meu amor,
ninguém seria mais feliz que eu,
se tu voltasses a gostar de mim,
se teu carinho se juntasse ao meu.
Eu errei,
mas se me ouvires me darás razão,
foi o ciúme que se debruçou
sobre o meu coração.
Caminhemos
Herivelto Martins
Não, eu não posso lembrar que te
amei.
Não, eu preciso esquecer que
sofri.
Faça de contas que o tempo passou
E que tudo entre nós terminou
E que a vida não continuou pra
nós dois
Caminhemos, talvez nos vejamos
depois.
Vida comprida, estrada alongada
Parto à procura de alguém
Ou à procura de nada...
Vou indo, caminhando
Sem saber onde chegar
Talvez que na volta
Te encontre no mesmo lugar.
Errei, sim
(Ataulfo Alves)
Dalva de Oliveira
Errei, sim
Manchei o teu nome
Mas foste tu mesmo culpado
Deixavas-me em casa
Me trocando pela orgia
Faltando sempre
Com tua companhia
Lembro-te agora
Que não é só casa e comida
Que prende por toda a vida
O coração de uma mulher
As jóias que me davas
Não tinham nenhum valor
Se o mais caro me negavas
Que era todo o teu amor
Mas se existe ainda
Quem queira me condenar
Que venha logo
a primeira pedra me atirar.
Cabelos Brancos
Herivelto Martins
Não falem dessa mulher perto de
mim.
Não falem pra não lembrar minha
dor.
Já fui moço, já gozei a mocidade,
Se me lembro dela me dá saudade.
Por ela vivo aos trancos e
barrancos,
Respeitem ao menos meus cabelos
brancos.
Ninguém viveu a vida que eu vivi,
Ninguém sofreu na vida o que eu
sofri.
As lágrimas sentidas,
Os meus sorrisos francos
Refletem-se hoje em dia
Nos meus cabelos brancos.
Agora, em homenagem ao meu fim
Não falem desta mulher perto de
mim.
A história da polêmica musical
entre o casal - uma música rebatendo a outra. Herivelto negou, Dalva também – e
até hoje se discute se foi ou não uma rendosa jogada comercial. David Nasser,
no Diário da Noite, produzia matérias agressivas, desrespeitosa e pejorativa
contra a cantora, que rompera o casamento. Chamando-a de “dama do abajur lilás”
– escrevia coisas assim: “Preservando o talento da cantora, sua vida particular
é uma vergonha, um atentado ao pudor!”
Herivelto Martins ainda comporia
mais duas músicas para a tal “polêmica”: Atiraste uma Pedra e Consulta ao teu
travesseiro.
Para saber mais, leia
os seguintes livros:
A estrela Dalva, de
João Elísio Fonseca (biografia de Dalva de Oliveira)
Cobras Criadas, de
Luiz maklouf Carvalho (biografia de David Nasser)
Herivelto Martins: uma escola de samba, de Jonas Vieira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário