domingo, 30 de março de 2014

Músicas humorísticas de Alvarenga e Ranchinho



Romance de uma caveira

Era duas caveira
Que se amava
E a meia-noite
Se encontrava
Pelo cimitério
Os dois passeava
E juras de amor
Então trocava.
Sentado os dois
Em riba da lousa fria
A caveira apaixonada
Ansim dizia
Que pelo caveiro
De amor morria
E ele de amores por ela vivia
Ao longe uma coruja
Cantava alegre
De ver os dois caveiro
Ansim feliz
E quando se beijava
E tom fúnebre
A coruja batendo as asa
Pedia bis
Mais um dia chegô de pé junto
O cadáve morto de um difunto
E a cavera
Prele se apaixonô
O caveiro tomô uma bebedeira
E matou-se de um modo romanesco
Por causa dessa ingrata caveira
Que trocou ele por defunto fresco.

Cumpadre, como é que tá tu?

Cumpadre, como é que tá tu?
Cumpadre, como é tu tá?
Não tão bem quanto vancê,
Mas vô indo devagar...

Tô com tudo, tô com tudo.
Eu sou mesmo felizardo.
Tô com tudo, meu cumpradre,
Tô com tudo empenhado.

Casamento é loteria,
Vou dizer, sou muito franco:
Me casei, fui conferir
O bilhete tava branco!

Roubaram minha muié,
Só pra me fazer sofrer.
Eu procuro o ladrão,
Quero lhe agradecer!

Minha casa pegou fogo,
Ardeu tudo de repente.
Minha sogra taba dentro,
Veja como tô contente!

Moda das línguas

É verdade matemática
Que ninguém pode negar,
Que essa história de gramática
Só serve é pra atrapaiar,
Ainda vem língua estrangeira
Pra ajudar a compricar,
É mior nóis cabar com isso,
Pra nós todos pode falar.

Na Inglaterra eu vi dizer
Que um pé de sapato é chu.
Sendo assim logo se vê;
Dois pés têm que ser chuchu.
Chuchu pra nóis é legume,
No duro, não é boato,
Os ingreis que lá se arrume,
Mas nóis num come sapato.

Na América corpo é bode.
Veja que bode vai dar,
Encontrei uma americana
Louca pro bode entregar.
Fiquei meio atrapaiado
E disse pra me safar:
Óia, dona, eu não sou cabra,
Sai com esse bode pra lá!

Em Chile, cueca é dança
Pra se cantar e bailar.
Lá se toca e baila cueca
Asta la fiesta acabar.
Mas se acaso algum chileno
Vier pro Brasil dançar,
Que tente mostrar a cueca
Pra ver ondé que vai parar.

Na Itália eu vi dizer,
E não sei por que razão,
Que manteiga lá é burro,
Se passa burro no pão.
Desse jeito pra mim chega.
Viva nóis lá do sertão,
Onde manteiga é manteiga
Nós não come burro, não!

Uma gravata esquisita
Um certo franceis me deu.
Perguntei onde botar,
Ele então me arrespondeu.
Mas num gostei da resposta,
Isso é que não faço eu.
Seu franceis mal-educado,
Ponha a gravata no seu!

Na Argentina ouvi dizer
Que saco é paletó.
Lá se gringo toma chuva,
Tem que pôr o saco no sor.
E se acaso o dito encóie,
A muié lhe diz o pior:
Tu saco está mui tiquito,
Vá arrumar um saco maior!





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