Os sapos
(Arriscar, às vezes, é a
melhor coisa a se fazer.)
Existem três sapos na beira
de um lago, e um deles decide pular da beira para a água. Quantos sapos
restam na beira do lago?
A
resposta certa é: Restam três sapos. Porque o sapo apenas decidiu pular
na água. Ele não fez isso.
Nós
não somos como sapo muitas vezes? Que decide fazer isso, fazer aquilo, mas, ao
final, acabamos não fazendo nada? Na vida, temos que tomar muitas decisões.
Algumas fáceis; algumas difíceis.
A
maior parte dos erros que cometemos não se deve às decisões erradas, mas sim,
às indecisões. Temos que viver com as consequências das nossas decisões. E isto
é arriscar. Tudo é arriscar. Ser feliz é a consequência de muitos riscos.
O Último Voo
“Quando um companheiro morre assim, a
sua morte ainda parece um ato que está na ordem normal do ofício. A princípio
fere menos, talvez, que qualquer outra morte. Certamente está afastado. Sofreu
sua última transferência de escala, mas sua presença não nos falta ainda, em
profundidade, como poderia faltar o pão... Mas, pouco a pouco, descobrimos que
nunca mais ouviremos o riso claro daquele companheiro; descobrimos que aquele
jardim está fechado para sempre. Então começa nosso verdadeiro luto, que não é
desesperado, mas um pouco amargo. Nada, jamais, substituirá o companheiro
perdido. Ninguém pode criar velhos companheiros, nada vale o tesouro de tantas
recordações comuns, de tantas horas más vividas juntos, de tantas desavenças, de
tantas reconciliações, de tantos impulsos afetivos...”
Antoine de
Saint-Exupéry, in “Terra dos Homens”
Quatro enfoques sobre o camelo
Um francês, um inglês, um alemão
e um brasileiro foram encarregados de um estudo sobre o camelo.
O francês foi ao jardim
zoológico, lá ficou uma meia hora, interrogou o guarda, jogou pão ao camelo,
atiçou-o com seu guarda-chuva e, voltando para casa, escreveu, para seu jornal,
um folhetim cheio de observações picantes e espirituosas.
O inglês, levando suas provisões
e um confortável material de acampamento, instalou sua tenda nos países do
Oriente e trouxe, depois de uma estada de dois ou três anos, um grosso volume
repleto de fatos, sem ordem nem conclusão, mas de um real valor documental.
Quanto ao alemão, cheio de
desprezo pela frivolidade do francês e pela falta de ideias gerais do inglês,
trancou-se no seu quarto para redigir uma obra em vários volumes, intitulada A ideia de camelo deduzida da concepção
do Eu.
O brasileiro adia
indefinidamente seu estudo, vai para a praia, se encontra com os seus amigos,
conversa com eles sobre os camelos e, depois de vários dias de praia e
conversas informais com os amigos, compõe um samba-enredo, “Eu não sou camelo não”, que depois será
tema de uma escola de samba no Carnaval.
(Do livro “As Raízes
do Riso”, de Elias Thomé Saliba)
Companhia das Letras
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