segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Poemas modernos II



T,  U,  D,  O,

Separados não somos nada.

Unidos Somos

TUDO.

Se você nunca viu a tristeza, procure ver.
Se você nunca viu a miséria, procure ver.
Se você nunca viu a doença, procure ver.
Se nunca viu a fome, procure ver.
Se você nunca viu a dor e a desgraça, procure ver...
Porque, se você não viu nada disso, você não conhece a vida
E morrerá sem saber o que é viver

(Edson dos Santos Avancini)

Vou dormir.
Não, não, vou
tentar dormir,
pois você entra em mim,
e põe meu sono de lado,
ativa-me lembranças,
momentos...

Vou comer.
Não, não, vou
tentar comer,
pois você entra em mim,
e a fome se faz ausente,
atiça-me lembranças,
momentos...

Vou sair.
Não, não, vou
tentar sair,
pois você entra em mim,
e me prende,
envolve-me em lembranças,
momentos...

Vou estudar.
Não, não, vou
tentar estudar,
pois você entra em mim,
e faz-me fechar os livros,
e povoa minha mente de lembranças,
momentos...

Vou pensar no amor...
Sim, sim, vou
pensar no amor,
pois você está dentro de mim
e o amor é você
e você é o amor
em todos os momentos...

(Liliana Camargo de Luca)

Se...

Se eu não me importasse com a miséria...
Se eu não importasse com a fome...
Se eu me importasse com a avareza...
Se eu me importasse com a ganância...
Se eu me importasse com o meu orgulho...
Se eu me importasse com a minha vaidade...
Provavelmente estaria agora viajando pelo país,
fazendo comícios em busca de votos para atingir o poder.
Estaria agora deitado em minha cama pensando no futuro próximo:
num apartamento de cobertura mais luxuoso,
nas comidas deliciosas,
nas bebidas importadas,
nas roupas e sapatos caros,
nos carros especiais...
Infelizmente, meu coração não tem coragem.
Ele se bala, ele se comove diante
da miséria,
da fome,
da avareza,
da ganância,
do orgulho,
da vaidade.

(Dóris Lage)

Parodiando Drummond

João, o banqueiro,
Roubava Pedro, o fiscal de rendas,
Que roubava Raimundo, o comerciante,
Que roubava Antônio, o industrial,
Que roubava Carlos, o diretor,
Que roubava Severino, o operário,
Que nunca havia roubado ninguém.

João foi para o Paraguai e Pedro para as Bahamas,
Raimundo morreu bêbado,
Antônio pediu concordata,
Carlos suicidou-se e Severino, faminto,
Roubou a bolsa de Sônia que nem tinha entrado na história.

(Newton)

(Do livro “A prática da redação em grupo”,
de Hildebrando A. de André)

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