(Elio Gaspari)
Faltando pouco para o segundo turno,
está à solta o chato de eleitoral. É um personagem que tenta transformar
qualquer conversa em discussão política para defender seu candidato. Assim como
sempre haverá gente que enfia o dedo no nariz, não há como evitar que ele
exista. Pode-se limitar o alcance de sua chateação cortando-se polidamente o
assunto. O general Alfredo Malan tinha uma fórmula: “Política e jogo de cartas
me dão sono”. (Não era verdade, mas funcionava.)
Há dois tipos de chatos eleitorais.
O primeiro, benigno, é o militante.
Ele supõe que sua palavra iluminada pode conseguir um voto para seu candidato.
Esse chato pode ser neutralizado com uma simples mudança de assunto. O melhor
remédio é deixá-lo falar o tempo que quiser. Interrompê-lo será estimulá-lo.
O segundo chato eleitoral, maligno,
quer vender seu candidato, mas há nele algum tipo de insegurança. Fez sua
escolha, mas busca apoio, cumplicidade.
Esse é o tipo mais desagradável e
perigoso, porque precisa de uma discussão. Afinal, só assim poderá se convencer
que fará o certo, pois mais gente decidiu como ele. Quanto mais corda recebe,
mais enfático ou radical se torna. Nesse caso o culpado pela chateação será
quem lhe deu corda (...).
Se nenhum recurso der certo, pode-se
recorrer ao truque do deputado Temperani Pereira. Depois de ouvir uma exposição
de um colega ele lhe disse:
“Sua opinião me deixa incorrobúvel e
imbafefe”.
Depois comentou: “Quero ver ele achar
essas palavras no dicionário.”
Análise perfeita.
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