terça-feira, 16 de outubro de 2018

A riqueza da cachaça

Por Leandro Dias e João Almeida*


Patrimônio histórico e cultural do Brasil, a bebida combina com quase tudo e hoje pode ser escolhida a partir de cartas, tamanha é a sua diversificação.

Não é exagero afirmar que a cachaça é a mais complexa das bebidas. Somente para maturá-la são utilizados mais de 30 tipos de madeira, o que, por si, já coloca a cachaça em vantagem de possibilidades sensoriais face a qualquer outro destilado do planeta. E mesmo que a escolha seja pela branca, apenas descansada em tonéis de aço inoxidável, a complexidade também se faz presente. Por conta de uma série de fatores, como condições climáticas, modo de fermentação e destilação, uma cachaça jamais será com a outra.

Essa bebida nasceu em algum lugar do litoral brasileiro entre 1516 e 1532 − sim, isso mesmo, em algum lugar. O território brasileiro, por conta de suas riquezas naturais, sempre foi alvo de cobiça de vários povos e exploradores. Constantes invasões e saques deixaram muito de nossa cultura, em particular a história da cachaça, sem registro. O que se sabe hoje é que somos donos do destilado que tem pelo menos três prováveis certidões de nascimento: 1516 na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco; 1520 em Porto Seguro, na Bahia; 1532 em São Vicente, no litoral paulista, onde foi construído o engenho dos Erasmos, cenário em que, muitos historiadores afirmam, Martim de Sá, proprietário do engenho, introduziu a cana-de-açúcar no Brasil.

Fato é que, descontando os desencontros históricos, o que se produz no Brasil é a bebida considerada o terceiro destilado mais consumido do planeta − ela só fica atrás do soju, bebida asiática à base de arroz, e da vodca, de origem russa, mas feita em diversos países do mundo e com diferentes matérias-primas.

Como apreciar

Sozinha e pura

→ Ela pode ser tomada como abertura ou encerramento de um almoço ou jantar ou em um momento relaxante.

Harmonizada

→ Acompanhada por café, chá, frutas, cerveja, caldinho, churrasco, chocolate, ela se transforma. O céu é o limite nessa harmonização.

Misturada

→ As brancas ou de madeira neutras dão ótimas caipirinhas e coquetéis de frutas, além do quentão. Uma opção é trocar o gim pela cachaça no gim tônica.

Frozen

→ O congelamento traz sensações de licorosidade, toques aveludados e muita refrescância. Perfeita para compartilhar com amigos.

Na gastronomia

→ Versátil na cozinha, pode ser usada para flambar uma boa calabresa defumada e para marinar carne de porco: fica ótima no preparo de panceta.

*São especialistas em cachaça, autores do livro recém-lançado “Os Segredos da Cachaça”, da Editora Alaúde, e fundadores da Escola da Cachaça.

(Da Revista 29 Horas, outubro de 2018)



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