Por Leandro Dias e
João Almeida*
Patrimônio histórico e cultural
do Brasil, a bebida combina com quase tudo e hoje pode ser escolhida a partir
de cartas, tamanha é a sua diversificação.
Não é exagero afirmar que a
cachaça é a mais complexa das bebidas. Somente para maturá-la são utilizados
mais de 30 tipos de madeira, o que, por si, já coloca a cachaça em vantagem de
possibilidades sensoriais face a qualquer outro destilado do planeta. E mesmo
que a escolha seja pela branca, apenas descansada em tonéis de aço inoxidável,
a complexidade também se faz presente. Por conta de uma série de fatores, como
condições climáticas, modo de fermentação e destilação, uma cachaça jamais será
com a outra.
Essa bebida nasceu em algum lugar
do litoral brasileiro entre 1516 e 1532 − sim, isso mesmo, em algum lugar. O
território brasileiro, por conta de suas riquezas naturais, sempre foi alvo de
cobiça de vários povos e exploradores. Constantes invasões e saques deixaram
muito de nossa cultura, em particular a história da cachaça, sem registro. O
que se sabe hoje é que somos donos do destilado que tem pelo menos três
prováveis certidões de nascimento: 1516 na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco;
1520 em Porto Seguro ,
na Bahia; 1532 em São
Vicente , no litoral paulista, onde foi construído o engenho
dos Erasmos, cenário em que, muitos historiadores afirmam, Martim de Sá,
proprietário do engenho, introduziu a cana-de-açúcar no Brasil.
Fato é que, descontando os
desencontros históricos, o que se produz no Brasil é a bebida considerada o
terceiro destilado mais consumido do planeta − ela só fica atrás do soju,
bebida asiática à base de arroz, e da vodca, de origem russa, mas feita em
diversos países do mundo e com diferentes matérias-primas.
Como apreciar
Sozinha e pura
→ Ela pode ser tomada como
abertura ou encerramento de um almoço ou jantar ou em um momento relaxante.
Harmonizada
→ Acompanhada por café, chá,
frutas, cerveja, caldinho, churrasco, chocolate, ela se transforma. O céu é o
limite nessa harmonização.
Misturada
→ As brancas ou de madeira
neutras dão ótimas caipirinhas e coquetéis de frutas, além do quentão. Uma
opção é trocar o gim pela cachaça no gim tônica.
Frozen
→ O congelamento traz sensações
de licorosidade, toques aveludados e muita refrescância. Perfeita para
compartilhar com amigos.
Na gastronomia
→ Versátil na cozinha, pode ser
usada para flambar uma boa calabresa defumada e para marinar carne de porco:
fica ótima no preparo de panceta.
*São especialistas em cachaça,
autores do livro recém-lançado “Os Segredos da Cachaça”, da Editora Alaúde, e
fundadores da Escola da Cachaça.
(Da Revista 29 Horas,
outubro de 2018)
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