Por Luís Eduardo
Gomes
→ A história conta que Porto Alegre
começou a ser povoada em 1752.
A partir da década de 70 do mesmo século começariam a
ser erguidos as primeiras grandes edificações ao redor de onde hoje está a
Praça da Matriz, como o primeiro Palácio do Governador e a Igreja da Matriz. No
entanto, estas construções foram posteriormente demolidas e substituídas por
outras edificações.
→ Levando em conta construções
que ainda estão sendo utilizadas a partir de suas estruturas originais, o
prédio mais antigo da cidade é o atual Memorial do Legislativo, que data de 1790. A seguir, conheça a
história das cinco edificações mais antigas de Porto Alegre que ainda estão em
funcionamento.
Memorial do Legislativo
− Foto: Joana Berwanger/Sul21
1) Memorial do Legislativo
→ Localizado na rua Duque de
Caxias, no atual número 1.029, o prédio começou a ser construído entre 1769 e
1772 e foi concluído em 1790 para abrigar a Antiga Provedoria Real da Fazenda.
Mais notadamente, a partir de 1835, passou a ser sede da Assembléia Legislativa
Provincial, precursora da Assembleia Legislativa. Foi sede do parlamento gaúcho
por 132 anos, até 19 de setembro de 1967, quando foi realizada a última sessão
plenária ali. Desde 30 de junho de 2010, sedia o Memorial do Legislativo
gaúcho, que abriga o acervo arquivístico da Casa.
Igreja Nossa Senhora
das Dores − Foto: Joana Berwanger/Sul21
2) Igreja Nossa Senhora das Dores
→ Localizada na Rua dos Andradas,
sem número, a Igreja Nossa Senhora das Dores é a igreja mais antiga de Porto
Alegre que permanece em pé. O
início de sua construção data de 1807, tendo a primeira capela sendo concluída
em 1813. No entanto, suas obras só seriam encerradas quase um século depois, em
1903, quando houve a inauguração oficial da igreja. Tombada pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) ainda em 1938, recentemente
tem passado por uma série de reformas para restauração da estrutura original.
Solar dos Câmara −
Foto: Joana Berwanger/Sul21
3) Solar dos Câmara
→ Prédio residencial mais antigo
da cidade, este casarão começou a ser construído na Duque de Caxias, nº 968, em
1818, sendo concluído seis anos mais tarde. Seu primeiro proprietário foi José
Feliciano Fernandes Pinheiro, chefe da Alfândega do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina e, posteriormente, primeiro presidente da Província de São Pedro do
Rio Grande do Sul. O segundo morador do prédio foi José Antônio Corrêa da
Câmara (a partir de 1851), que curiosamente viria a ser o primeiro governador
do Rio Grade do Sul, em 1889. O último morador da casa, Armando Pereira da
Câmara (até 1975), foi senador e reitor da UFRGS e da PUCRS. Em 1981, o prédio
foi adquirido pela Assembleia. Após um tempo fechado, desde 1993 abriga o
Departamento de Relações Públicas e Atividades Culturais (DRPAC), onde estão
instaladas a Biblioteca Borges de Medeiros, exposições fotográficas da Sala
J.B. Scalco* e ocorrem espetáculos musicais gratuitos do projeto Sarau no Solar.
Solar da Travessa
Paraíso − Foto: Mariano Czarnobai/Divulgação
4) Solar da Travessa Paraíso
→ Em 1820, começava a ser
construído o casarão da Travessa Paraíso, atualmente no número 71, em uma
grande área onde é hoje o Morro Santa Teresa. A partir de 1930, o Solar foi
dividido para abrigar várias famílias, sendo que de 1970 aos anos 90 o prédio
ficou abandonado. No entanto, em 1994, o seu valor arqueológico foi reconhecido
pela cidade e a Prefeitura assumiu a posse e promoveu uma restauração do
prédio, que foi reinaugurado em 2000. Hoje é sede do festival internacional de
teatro Porto Alegre Em Cena
Museu Joaquim José
Felizardo − Foto: Maia Rubim/Sul21
5) Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo
→ Fechando a lista, o antigo
Solar Lopo Gonçalves foi construído entre 1845 e 1853, na antiga Rua da Margem,
conhecida atualmente como João Alfredo. Originalmente, foi usada como chácara
pela família Gonçalves Bastos e como residência de cidade para seus herdeiros.
Posteriormente, foi de propriedade de outra família e também abrigou a sede do
Serviço de Assistência Social e Seguro dos Economiários. Desde 1982, sedia o
Museu de Porto Alegre.
(Do Blog Sul21)
*João Batista Scalco (1951-1983) −
O espaço cultural recebeu esse nome em homenagem ao gaúcho João Batista Scalco,
considerado um dos melhores fotojornalistas do Brasil. Ele atuou na empresa
jornalística Caldas Júnior (contratado pela Folha da Tarde), Zero Hora, Jornal
da Terra, Jornal de Santa Catarina e na Revista Placar, onde trabalhou por dez
anos e era conhecido como “Van Gogh dos pampas”. Na área esportiva, fez a
cobertura de quatro Copas Libertadores da América, da Copa do Mundo da
Alemanha, de três Campeonatos Mundiais de Fórmula 1 e das Olimpíadas de Moscou.
Em apenas 32 anos de vida, 16
dedicados à fotografia, ele acumulou diversas distinções na área. Um exemplo é
o Prêmio Esso de Jornalismo, recebido em 1979, pela cobertura do sequestro dos
exilados políticos uruguaios Lílian Celiberti e Universindo Díaz, ocorrido em
novembro de 1978. Junto com o repórter Luís Cláudio Cunha, da revista Veja,
Scalco foi mantido sob a mira de revólveres por 20 minutos e liberado depois de
um breve interrogatório. O fotógrafo reconheceu um dos seqüestradores: um
policial que tinha sido jogador de futebol. Os jornalistas conseguiram provar o
envolvimento de brasileiros no crime, e seus autores foram condenados por abuso
de autoridade. O caso repercutiu no Brasil e no exterior, e um de seus desdobramentos
no plano político foi a criação da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da
Assembleia gaúcha, a primeira do país em âmbito legislativo. Scalco morreu de
infarto no dia 3 de janeiro de 1983.
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