sexta-feira, 26 de outubro de 2018

As cinco construções mais antigas de Porto Alegre


Por Luís Eduardo Gomes

→ A história conta que Porto Alegre começou a ser povoada em 1752. A partir da década de 70 do mesmo século começariam a ser erguidos as primeiras grandes edificações ao redor de onde hoje está a Praça da Matriz, como o primeiro Palácio do Governador e a Igreja da Matriz. No entanto, estas construções foram posteriormente demolidas e substituídas por outras edificações.

→ Levando em conta construções que ainda estão sendo utilizadas a partir de suas estruturas originais, o prédio mais antigo da cidade é o atual Memorial do Legislativo, que data de 1790. A seguir, conheça a história das cinco edificações mais antigas de Porto Alegre que ainda estão em funcionamento.


Memorial do Legislativo − Foto: Joana Berwanger/Sul21

1) Memorial do Legislativo

→ Localizado na rua Duque de Caxias, no atual número 1.029, o prédio começou a ser construído entre 1769 e 1772 e foi concluído em 1790 para abrigar a Antiga Provedoria Real da Fazenda. Mais notadamente, a partir de 1835, passou a ser sede da Assembléia Legislativa Provincial, precursora da Assembleia Legislativa. Foi sede do parlamento gaúcho por 132 anos, até 19 de setembro de 1967, quando foi realizada a última sessão plenária ali. Desde 30 de junho de 2010, sedia o Memorial do Legislativo gaúcho, que abriga o acervo arquivístico da Casa.


Igreja Nossa Senhora das Dores − Foto: Joana Berwanger/Sul21

2) Igreja Nossa Senhora das Dores

→ Localizada na Rua dos Andradas, sem número, a Igreja Nossa Senhora das Dores é a igreja mais antiga de Porto Alegre que permanece em pé. O início de sua construção data de 1807, tendo a primeira capela sendo concluída em 1813. No entanto, suas obras só seriam encerradas quase um século depois, em 1903, quando houve a inauguração oficial da igreja. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) ainda em 1938, recentemente tem passado por uma série de reformas para restauração da estrutura original.


Solar dos Câmara − Foto: Joana Berwanger/Sul21

3) Solar dos Câmara

→ Prédio residencial mais antigo da cidade, este casarão começou a ser construído na Duque de Caxias, nº 968, em 1818, sendo concluído seis anos mais tarde. Seu primeiro proprietário foi José Feliciano Fernandes Pinheiro, chefe da Alfândega do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e, posteriormente, primeiro presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. O segundo morador do prédio foi José Antônio Corrêa da Câmara (a partir de 1851), que curiosamente viria a ser o primeiro governador do Rio Grade do Sul, em 1889. O último morador da casa, Armando Pereira da Câmara (até 1975), foi senador e reitor da UFRGS e da PUCRS. Em 1981, o prédio foi adquirido pela Assembleia. Após um tempo fechado, desde 1993 abriga o Departamento de Relações Públicas e Atividades Culturais (DRPAC), onde estão instaladas a Biblioteca Borges de Medeiros, exposições fotográficas da Sala J.B. Scalco* e ocorrem espetáculos musicais gratuitos do projeto Sarau no Solar.


Solar da Travessa Paraíso − Foto: Mariano Czarnobai/Divulgação

4) Solar da Travessa Paraíso

→ Em 1820, começava a ser construído o casarão da Travessa Paraíso, atualmente no número 71, em uma grande área onde é hoje o Morro Santa Teresa. A partir de 1930, o Solar foi dividido para abrigar várias famílias, sendo que de 1970 aos anos 90 o prédio ficou abandonado. No entanto, em 1994, o seu valor arqueológico foi reconhecido pela cidade e a Prefeitura assumiu a posse e promoveu uma restauração do prédio, que foi reinaugurado em 2000. Hoje é sede do festival internacional de teatro Porto Alegre Em Cena


Museu Joaquim José Felizardo − Foto: Maia Rubim/Sul21

5) Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo

→ Fechando a lista, o antigo Solar Lopo Gonçalves foi construído entre 1845 e 1853, na antiga Rua da Margem, conhecida atualmente como João Alfredo. Originalmente, foi usada como chácara pela família Gonçalves Bastos e como residência de cidade para seus herdeiros. Posteriormente, foi de propriedade de outra família e também abrigou a sede do Serviço de Assistência Social e Seguro dos Economiários. Desde 1982, sedia o Museu de Porto Alegre.

(Do Blog Sul21)

*João Batista Scalco (1951-1983) − O espaço cultural recebeu esse nome em homenagem ao gaúcho João Batista Scalco, considerado um dos melhores fotojornalistas do Brasil. Ele atuou na empresa jornalística Caldas Júnior (contratado pela Folha da Tarde), Zero Hora, Jornal da Terra, Jornal de Santa Catarina e na Revista Placar, onde trabalhou por dez anos e era conhecido como “Van Gogh dos pampas”. Na área esportiva, fez a cobertura de quatro Copas Libertadores da América, da Copa do Mundo da Alemanha, de três Campeonatos Mundiais de Fórmula 1 e das Olimpíadas de Moscou.

Em apenas 32 anos de vida, 16 dedicados à fotografia, ele acumulou diversas distinções na área. Um exemplo é o Prêmio Esso de Jornalismo, recebido em 1979, pela cobertura do sequestro dos exilados políticos uruguaios Lílian Celiberti e Universindo Díaz, ocorrido em novembro de 1978. Junto com o repórter Luís Cláudio Cunha, da revista Veja, Scalco foi mantido sob a mira de revólveres por 20 minutos e liberado depois de um breve interrogatório. O fotógrafo reconheceu um dos seqüestradores: um policial que tinha sido jogador de futebol. Os jornalistas conseguiram provar o envolvimento de brasileiros no crime, e seus autores foram condenados por abuso de autoridade. O caso repercutiu no Brasil e no exterior, e um de seus desdobramentos no plano político foi a criação da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia gaúcha, a primeira do país em âmbito legislativo. Scalco morreu de infarto no dia 3 de janeiro de 1983.



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