quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Maldição da Sexta-Feira Santa



Este fato aconteceu na década de 50, no interior do município de Jaguari, Rio Grande do Sul. Foi numa Sexta-Feira Santa, que na época era um dia de muito respeito: não se varria casa, não se tirava leite nem se encilhava cavalo, muito menos se devia montá-lo. À tardinha, dona Justina mandou o filho buscar os terneiros no potreiro, com a recomendação:

− Meu filho, não vá a cavalo! Lembre-se, hoje é Sexta-Feira Santa!

O menino, muito levado, fez exatamente o contrário. Amarrou uma corda no pescoço do cavalo, montou em pelo e saiu estrada afora.

Chegando ao potreiro, deixou o animal embaixo de uma árvore e subiu um pequeno morro para repontar os terneiros. Aconteceu que um bugio saltou da árvore no lombo do cavalo. Este, assustado, voltou a galope para casa. Quando a montaria entrou no pátio com o bicho agarrado no lombo, dona Justina soltou um grito:

− Meu filho, bem que eu te disse para não montar em Sexta-Feira Santa. Viu, Deus te castigou!

Ao ouvir os gritos, o marido veio correndo e encontrou a mulher desmaiada, e só não desmaiou também ao ver o bugio, porque, na mesma hora, avistou o filho que chegava, assobiando tranquilamente, repontando os terneiros, sem saber o que tinha acontecido com o cavalo.


(Do “Almanaque Gaúcho O livro”, RBS)


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