(1867-1924)
Por Rogério de Moura,
em Negros
Geniais
Nilo Peçanha* chegou à presidência do
Brasil menos de 20 anos após a libertação dos escravos em 1889. A proeza de Nilo
Procópio Peçanha é bem maior que seu colega Luiz Ignácio Lula da Silva, eleito
em 2002 e porque não dizer do presidente americano Barak Obama. Embora muitas
vezes fosse retratado como branco era mulato, sendo, inclusive, “embranquiçado”
nas fotos.
Nilo nasceu no dia 02 de outubro de
1867, na Fazenda do Desterro, no limite com o Espírito Santo, município de
Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, filho de Sebastião de Sousa Peçanha e
Joaquina Anália de Sá Freire Peçanha. Nilo Peçanha ou o “Menino da Padaria”,
como era conhecido (devido ao seu pai ter um comércio de padaria), viveu seu
início de vida num sítio em Morro do Coco, onde cresceu ouvindo histórias da
negra Delfina, que falava do sofrimento dos escravos.
De origem humilde, Peçanha construiu
uma sólida carreira política, ascendendo, em um intervalo de poucos anos, de
senador a presidente do estado do Rio de Janeiro – nome da época para o cargo
de governador – e a presidente do Brasil.
Nilo não foi eleito diretamente,
assumiu a presidência com a morte de Afonso Pena, de quem era vice. Exerceu o
cargo de 14 de junho de 1909
a 15 de novembro de 1910.
Quando chegou à idade escolar a
família se mudou para Campos, onde Nilo foi matriculado no Liceu de Humanidades
de Campos. Formou-se na Faculdade de Direito do Recife já com vinte anos de
idade. Numa viagem de trem de Campos para o Rio de Janeiro, o jovem Nilo
conheceu e de apaixonou perdidamente por uma jovem de nome Anita Castro
Belisário de Sousa, com a qual se casou no dia 06 de dezembro de 1895. Dos três
filhos que teve nenhum conseguiu chegar à fase adulta.
Anita era descendente de uma rica
família de Campos. O casamento foi um escândalo social, pois a noiva teve que
fugir de casa para poder se casar com um sujeito pobre e mulato.
No mesmo ano em que se casou, Peçanha
ajudou a fundar o Clube Republicano de Campos, do qual foi presidente, bem como
do Partido Republicano. Após a instauração do regime republicano em 15 de
novembro de 1889, Nilo intensificou sua atividade político-partidária e foi
eleito deputado, participando da Assembleia Constituinte responsável pela
primeira Constituição republicana de 1891.
Foi eleito em sucessivos pleitos e em 1903 foi
eleito para deputado federal, quando assumiu uma cadeira no Senado. Em 1903,
renunciou à sua vaga na Câmara Alta para assumir a Presidência do Estado do Rio
de Janeiro, que exerceu até 1906. Neste ano, foi eleito Vice-Presidente de
Afonso Pena.
Em 1909, devido à morte de Afonso
Pena, Nilo Peçanha tornou-se Presidente da República. Nilo estava com 42 anos
ao assumir a Presidência da República.
Em seu governo recriou o Ministério
da Agricultura, órgão que aglutinou os grupos regionais dissidentes. Introduziu
importantes alterações no funcionamento do Estado, o que representou uma obra
de grande alcance. Criou Lei permitindo, pela primeira vez, o trabalho feminino
nas repartições públicas. Criou o Imposto Territorial, criou o Ensino
Técnico-profissional (com as Escolas de Aprendizes de Artífices), o Serviço de
Inspeção Agrícola, a Diretoria da Indústria Animal, a Diretoria de Meteorologia
e o Serviço de Proteção ao Índio.
Faleceu em 1924, no Rio de Janeiro,
afastado da vida política e foi sepultado no Cemitério de São João Batista.
(Do Blog O Combate
Racismo Ambiental)
*Foi descrito como sendo mulato e
frequentemente ridicularizado na imprensa em charges e anedotas que se referiam
à cor da sua pele. Durante sua juventude, a elite social de Campos dos
Goytacazes chamava-o de “o mestiço de Morro do Coco”.
Interessante. Parabéns pela matéria.
ResponderExcluirMeu bom leitor, obrigado pelo comentário, mais uma vez...
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