terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

A capela dos irmãozinhos fuzilados



Localizada em São Gabriel, RS, junto à parede externa do quartel do 6º Batalhão de Engenharia de Combate, em forma de um pequeno templo, também é conhecida como “Capela dos Irmãozinhos”. No local foram executados, há dois séculos, dois soldados que descumpriram o regulamento militar da época. Cabe ressaltar que é o único quartel que guarda revivida a imagem de uma época de tortura.

Conta a história que na década de 1850, o Exército seguia o regulamento severo do Conde Lippe, que entre outras medidas, aplicava a pena de morte. Os soldados Agostinho José de Meira e Joaquim José dos Santos foram fuzilados no local, por crimes militares. Meira foi condenado a morte pelo Conselho de Guerra e executado no dia 8 de novembro de 1853. O segundo, Joaquim José dos Santos, foi condenado e executado no dia 14 de dezembro de 1855.

Unidos no infortúnio, a história de ambos sempre atraiu a atenção e também a devoção popular, fazendo da capela um local de peregrinação e agradecimento por graças alcançadas.


Irmãozinhos fuzilados

O primeiro, oriundo de Jaguarão, teria sido executado depois de travar discussão com um superior, no momento de distribuição da carne, o 1º Tenente Alvino D'Almeida, oficial de dia no dia 15 de julho de 1852. Após foi castigado e recolhido ao xadrez por ordem do Tenente Coronel José de Carvalho. Ao ser retirado do xadrez para receber o corretivo, recebeu do Tenente Albino a ordem de tirar a farda, já que não era permitido bater em praças fardados, foi quando Meire investiu contra esse oficial esfaquendo-o, quase o matando, não fosse a guarda oficial.

Com o movimento, Meire acabou cortando o cabo da guarda, Francisco Jerônimo de Rezende, o anspeçada Pedro Francisco Bastos e o soldado João Manoel Pereira, rendendo-se após vários golpes de espada na cabeça.

Meire foi condenado à morte pelo Conselho de Guerra e executado no dia 8 de novembro de 1853.


O segundo, Joaquim José dos Santos, foi enquadrado no Artigo 8º da 1ª parte dos regulamentos da Cavalaria. O Artigo recomendava: “Todas as disputas e diferenças são proibidas sob pena de rigorosa prisão, mas é possível a qualquer soldado ferir seu camarada à traição em certas circunstâncias e assim será condenado ao carrinho perpetuamente, ou castigo com pena de morte conforme as circunstâncias correntes”.

Joaquim era oriundo de Rio Pardo. Nessa condição, não recebia vencimentos nem fardas, o que o levou a um estado de miséria, com uma única muda de roupa e sem condições de comprar sabão para lavá-las.

Foi nessa realidade que roubou alguns companheiros e logo desertou, sendo preso no dia seguinte. Punido com a chibata, mas escapou argumentando estar doente.

No dia 1º de setembro de 1853, no pátio interno do quartel, no momento em que ia ser castigado corporalmente, arrancou uma faca que trazia escondida na sua roupa e feriu gravemente o major fiscal do regimento que comandava o corretivo.

Joaquim optou pela morte física ao invés de morte por aviltamento moral a exemplo do primeiro, foi condenado e executado no dia 14 de dezembro de 1855.

Curiosidade: Os Irmãozinhos fuzilados não eram irmãos.

(Do blog da Prefeitura Municipal de São Gabriel)

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