segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Carnaval em tempos de nova política

Em desfile engajado, 
Mangueira critica fundamentalismo bolsonarista.

Atual campeã, Mangueira mostrou um Jesus Negro na avenida e criticou os falsos profetas (J. Messias B.), de arma na mão.


O Cristo negro e favelado da Mangueira, com marcas de tiro pelo corpo.

G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (RJ)

Samba-Enredo 2020 − A Verdade Vos Fará Livre

Compositores Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo

Mangueira, samba, teu samba é uma reza
Pela força que ele tem.
Mangueira, vão te inventar mil pecados,
Mas eu estou do seu lado
E do lado do samba também. (bis)

Eu sou da Estação Primeira de Nazaré.
Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher.
Moleque pelintra do buraco quente,
Meu nome é Jesus da Gente.
Nasci de peito aberto, de punho cerrado.
Meu pai carpinteiro desempregado;
Minha mãe é Maria das Dores Brasil.
Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira,
Me encontro no amor que não encontra fronteiras.
Procura por mim nas fileiras contra a opressão
E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão.

Eu tô que tô dependurado
Em cordéis e corcovados,
Mas será que todo povo entendeu o meu recado?
Porque de novo cravejaram o meu corpo
Os profetas da intolerância,
Sem saber que a esperança
Brilha mais que na escuridão.
Favela, pega a visão,
Não tem futuro sem partilha,
Nem Messias de arma na mão.
Favela, pega a visão.
Eu faço fé na minha gente
Que é semente do seu chão.
Do céu deu pra ouvir
O desabafo sincopado da cidade,
Quarei tambor, da cruz fiz esplendor
E num domingo verde e rosa
Ressurgi pro cordão da liberdade.
Mangueira, samba que o teu samba é uma reza.
Se alguém por acaso despreza,
Teme a força que ele tem.
Mangueira, vão te inventar mil pecados,
Mas eu estou do seu lado
E do lado do samba também.

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