quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Dom Pedro II no Rio Grande do Sul



Dom Pedro II desembarca no porto de Rio Grande – 1865

No mês de julho de 1865, D. Pedro II e uma comitiva, que incluía quase toda a família real, desembarca no porto de Rio Grande para uma estada de vários dias na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, com a finalidade de visitar o front da Guerra do Paraguai em Uruguaiana. A Entrada de D.Pedro II na Província se deu exatamente pelo histórico porto de Rio Grande. Esta imagem ficou guardada durante mais de um século e foi descoberta a uns dez anos passados, no Castelo D’Eu em Paris, num baú com outras centenas de imagens da família Real. Todo este acervo encontra-se hoje na Biblioteca Nacional e a coleção toda, foi objeto do livro “Coleção Princesa Isabel” de Pedro e Bia Corrêa do Lago - Editora Capivara – 2008.

Na imagem, aparece D.Pedro II desembarcando em Rio Grande, em meio a uma multidão que lhe recepcionava. Esta imagem é atribuída a Sucini & Irmão, fotógrafos dos quais poucas referências temos e que sequer constam nas relações de profissionais que atuaram no Rio Grande do Sul naquela época.

(Texto de Ronaldo Morgado Segundo)

Após a chegada em Rio Grande, no mesmo mês de julho, Dom Pedro II chega em Porto Alegre, antes de partir para Uruguaiana.


Dom Pedro II desembarca no porto em Porto Alegre*

*Esse cais ficava defronte à Praça da Alfândega, defronte a Rua da Praia. Mais tarde seria aterrado, recuando o rio até o porto atual.


Conde d′Eu*, Dom Pedro II e o Conde de Saxe-Coburgo-Gotta*,
em Uruguaiana em 1865

*Genros de Dom Pedro II

Durante a Guerra do Paraguai (1864−1870) o imperador Dom Pedro II realizou uma “campanha rio-grandense”, que consistiu em uma série de visitas às cidades do estado. A viagem pela então Província de São Pedro iniciou por Rio Grande, passando por Pelotas, Porto Alegre, Rio Pardo, Caçapava, São Gabriel, Alegrete, Uruguaiana, Itaqui, São Borja, Livramento, Bagé e Jaguarão. O retorno para o Rio de Janeiro deu-se pelo porto de Rio Grande.

O imperador esteve acompanhado por Gastão de Orléans, o Conde d'Eu, Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, o Gal. Francisco Xavier Cabral, o Doutor Joaquim Meirelles (médico da Casa Imperial), Joaquim Raimundo De Lamare, o General Beaurepaire, Pinto Melo e Lisboa. Além destes compunham a caravana o Ministro da Guerra, Ângelo Muniz Ferraz, com seis empregados e secretários, e a escolta imperial, composta por 300 pessoas.

Especialmente para a visita de Dom Pedro II à cidade, em 1865, foram finalizadas as obras de melhoramento da rua Benjamin Constant, facilitando o acesso ao Porto. Antes a via era sinuosa e interceptada por uma chácara. O presidente da Câmara Municipal, Joaquim Vieira da Cunha, determinou a ligação da São Domingos (atual Benjamin Constant) com as ruas Andrade Neves e General Osório, antes obstruídas. Após o desembarque, a comitiva seguiu pela rua São Domingos (Benjamin Constant) em direção à Félix da Cunha, com a finalidade de chegar à Igreja Matriz (Catedral São Francisco de Paula). Após a cerimônia, o imperador seguiu em direção ao palácio de João Francisco Vieira Braga, o Conde de Piratini, localizado na rua Félix da Cunha esquina Tiradentes, nº 520. A rua que antes se chamava de “Rua do Comércio”, passou a ter o nome de “Vinte e Quatro de Outubro”, em alusão à visita imperial, sendo mudado posteriormente para o nome atual: Félix da Cunha.

Parte do percurso da comitiva foi percorrida por via terrestre, em carros de tração animal e a cavalo; outra parte se deu em embarcações, utilizadas na Lagoa dos Patos, nos rios Jacuí e Uruguai, no Rio Jaguarão, na Lagoa Mirim e no Canal de São Gonçalo. O Conde d’Eu, que à época estava em viagem de núpcias com a Princesa Isabel quando os paraguaios entraram em São Borja, seguiu os passos do Imperador. Encontraram-se em Caçapava, continuando juntos a viagem.

Fonte:


Foto: Luigi Terragano / Imperador Dom Pedro II vestindo uma pilcha gaúcha, em Porto Alegre; a imagem foi feita no contexto da Guerra do Paraguai, em 1865.

Um dia de realeza

O escritor alegretense Danilo Santos, em seu livro “Alegrete em Fatos” (2006), cita a presença do Imperador em Alegrete como Um Dia de Realeza. Foi no dia 8 de setembro de 1865 que a comitiva Imperial chegou a Alegrete, a caminho de Uruguaiana para a rendição paraguaia. Era composta por 15 carretilhas, a maior parte puxada por quatro cavalos. Com o Imperador, seus dois genros, Conde de D’Eu e príncipe de Saxe-Coburgo-Gotta, além do Marquês de Caxias e oficiais. Na sua estada em Alegrete, o Imperador visitou um hospital de campanha, provavelmente, pois a Santa Casa de Caridade só seria construída sete anos depois. Nesse hospital havia 80 doentes. O retorno da comitiva de D. Pedro II de Uruguaiana ocorreu no dia 6 de outubro do mesmo ano.

Texto de Alair Oliveira Almeida

Dom Pedro II e genros


Reprodução da presença do Imperador D. Pedro II em Alegrete, a caminho de Uruguaiana, com seus dois genros, o Conde D'Eu e príncipe Saxe-Coburgo-Gotta que o acompanharam na vinda ao Sul.



Nenhum comentário:

Postar um comentário