Luís Fernando Veríssimo
Era uma vez, numa terra muito
distante, uma linda princesa, independente e cheia de autoestima que, enquanto
contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo
estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.
Então, a rã pulou para o seu colo e
disse:
- Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um
beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e
poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe
poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as
minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava
pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um
finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava:
- “Nem morta!”.
Era uma vez uma linda moça
que perguntou a um lindo rapaz:
− Você quer casar comigo?
Ele respondeu:
− NÃO!
E
a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu muitos outros
rapazes, visitou muitos lugares, foi morar na praia, comprou outro carro,
mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava
nada, bebia cerveja com as amigas sempre que estava com vontade e ninguém
mandava nela.
O
rapaz ficou barrigudo, careca, o pinto caiu, a bunda murchou, ficou sozinho e
pobre, pois não se constrói nada sem uma MULHER.
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