terça-feira, 28 de junho de 2016

Gafes do Rádio



Ainda são comuns nas rádios do interior, programas de avisos, que servem para que as pessoas da cidade se comuniquem com quem mora no campo e, às vezes, nem telefone tem. É simples: a pessoa liga para a rádio, dita um texto passando alguma informação e esse é lido no ar. Nesses programas já ouvi pérolas fantásticas, como as que seguem.

A chave

- Alô, Dona Maria Silva, na comunidade do Rincão do 28! Dona Maria, do Rincão do 28! Deixei a chave de casa debaixo da pedra branca perto da porteira! Quem avisa é o Ezequiel.

O varal

- Atenção no Passo Novo, Vera Lúcia. Estou indo no ônibus das seis da tarde. Me busca na parada e, por favor, leva o Varal. Assinado, Marco Antônio.
Depois fui descobrir que o Varal em questão era o cachorro da família.

O estudioso

- Atenção na Fazenda Santa Maria, Josefa Almeida. Eu rodei em Matemática. Por favor, não conta pro pai. Assinado, Júnior, teu filho.

O casório

- Alô Pedro, peão da fazenda Rancho Fundo. Alô Pedro, da fazenda Rancho Fundo. A tua irmã vai casar amanhã. A égua foi vendida para o mortadela. Assinado, Maria Aparecida, tua mãe.
Claro que, nesse caso, a dona Maria Aparecida misturou dois assuntos diferentes. Eu acho.

Morreu?

- Atenção no Sítio Dom Bosco, Antônio Camargo. No Sítio Dom Bosco, Antônio Camargo. A Elizabete, nossa filha, está muito mal no hospital. O corpo será velado na capela B da Santa Casa... Quem assina é Rita, sua esposa.

Nasceu!

- Atenção na fazenda São João, Paulo. Paulo da Fazenda São João. A égua do seu Manoel deu cria. A tua mulher também. É um guri. Vem para o batizado amanhã. Assinado, teu irmão Jorge.
O Jorge soube aproveitar o que chamamos em jornalismo de “gancho”.

O pai

- Atenção na Fazenda São Gabriel, Alemão. Atenção, Alemão. A Judite, tua mulher, deu a luz ao Frederico teu filho. É um negrinho e tem muita saúde. Parabéns. Assinado, Gorete, tua mãe.

Sensibilidade

Recebo essa contribuição do professor Glauber Pereira, de Bagé (RS):

Um famoso comentarista de uma emissora de Bagé fazia a transmissão de uma partida da cidade, mas estava com a cabeça em outro lugar. Tudo porque um conhecido cartola da cidade, chamado Major Segredo, estava mal no hospital. O comentarista resolveu colocar os ouvintes a par do estado de saúde do cartola e usou toda a sensibilidade possível:
- Meus caros, informo que a vocês que o Major Segredo está mal no hospital. O Major Segredo pode morrer a qualquer momento...
De fato, o Major Segredo morreu. Porém, nosso comentarista, não contente em anunciar a morte aguardada, via transmissão de rádio, apresentou outra pérola. Por ser amigo do finado desde tempos idos, a viúva o convidou para se despedir do amigo com canções. No dia seguinte ao velório, nosso comentarista não teve dúvidas - nem modéstia - em sua participação no programa de rádio:
- Gente, o enterro do Major Segredo estava um espetáculo!

Padre enrolado

Um padre lia trechos da Bíblia em um breve espaço em uma rádio popular. O programa era ao vivo. Certo dia, ele deveria ler Mateus 25, onde diz:
“Tive fome, e não me destes de comer. Tive sede, e não me destes de beber. Era peregrino e não me acolhestes. Estive nu e não me vestistes”.
Só que na última parte, o padre se enrolou:
- Estive nu e não me visitaste... Desculpe... Estive nu e não me visi... não me vestistes.

Insetos?

Alguns locutores gostam de “tomar as dores” do povo e reclamar para valer. Além de tentarem resolver os problemas dos ouvintes, também criam simpatia com eles. Esse, por exemplo, entrevistava o subprefeito de uma localidade e cobrava medidas quanto a infestação de ratos no local.
- ...é um rato maior que o outro! Dá até pra fazer coleção de ratos! A subprefeitura tem um trabalho de acabar com esses insetos lá naquela região?

Novo corte de carne


Durante o anúncio das promoções do dia de um supermercado, um radialista do interior do Rio Grande do Sul, sem querer, criou um nome criativo para um corte de carne. Ele deveria anunciar a chuleta suína, em promoção. Acabou misturando as duas palavras.
‒ Hora certa no giro da notícia para Super Feliz. Hoje tem a chulina... (pausa) A chuleta suína...

Vivo ou morto?

Durante a transmissão de um campeonato de futebol infantil que acontece anualmente em Alegrete, na fronteira-oeste do Rio Grande do Sul, o narrador era o meu amigo Toninho de Lima e, nos estúdios, fazendo o plantão, o radialista local Everaldo Balejos. Primeiro dia de transmissão e o narrador faz toda aquela abertura poética. Anuncia um por um dos integrantes da equipe, até que chega ao plantonista.
- E no nosso plantão esportivo Everaldo Balejos! Boa Noite Everaldo.
Ele responde.
- Boa noite a toda a equipe da Minuano FM. Quero mandar um grande abraço para o saudoso Toninho de Lima, nosso narrador...

E por aí vai...

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