quarta-feira, 17 de abril de 2019

Cronologia da Literatura Brasileira



Século XVI

Literatura informativa

→ O século XVI é a época das primeiras tentativas dos portugueses de estabelecer a colonização no Brasil, o que não ocorre de imediato. Seria necessário algum tempo para que se criassem as condições ideais para a manifestação brasileira.

Os jesuítas, no contato como o silvícola, os viajantes, com a curiosidade despertada pelo exotismo da nova terra, serão os inspiradores das nossas primeiras letras, através da literatura jesuítica e da literatura dos viajantes (ou informativa), com o aparecimento de documentos de caráter meramente histórico.

A literatura dos viajantes contém informações e comentários sobre a terra, o clima, usos e costumes dos índios, tudo, no entanto, tratado como sentido informativo, destituído, portanto, de valor artístico.

A literatura catequista é a que oferece o que de melhor temos no século XVI. Aparecem os primeiros textos de poesia e de teatro. Surge, então, o nome do padre José de Anchieta. Preocupado com a catequese, esse jesuíta espanhol terá volumosa obra, escrita em tupi, português ou nas duas línguas, onde aparece não só a produção de cunho pedagógico, como também grande número de poemas e peças em latim ou espanhol.


Padre José de Anchieta, por Benedito Calixto de Jesus,
Acervo do Museu Paulista da USP.

Século XVII

Barroco

→ Período artístico correspondente ao século XVII.

Como ideia geral, o movimento barroco se caracteriza pela tentativa da fusão estética do ideal medieval com os valores da Renascença.

Daí o dualismo que define o Barroco: religiosidade/paganismo, espírito/matéria, morte/vida, etc.

São características da literatura barroca:

− ideias contrastantes;
− tensionamento;
− fusionismo;
− linguagem figurada.

No Brasil, o Barroco sofre influência dos padrões estéticos portugueses. Como figura original, restringe-se a Gregório de Matos Guerra cuja obra apresenta, além de um sentido nativista, as contradições barrocas: num plano, a busca de Deus e a elevação do espírito; noutro, a vulgaridade e as solicitações terrenas.

Gregório de Matos (imagem abaixo) ficará conhecido pelo sentido satírico de parte de sua obra.


Século XVIII

Arcadismo

→ Durante o século XVIII, na Europa, houve grande desenvolvimento da ciência, da técnica e da filosofia. Aí se desenvolveu o movimento árcade.

O século XVIII é racionalista, razão por que o Arcadismo apresenta as seguintes características estéticas:

− repúdio aos excessos do Barroco;
− valorização dos ideais greco-romanos;
− valorização da natureza;
− aspectos mitológicos.

No Brasil, o Arcadismo se fixou na capitania de Minas Gerais, então o núcleo geográfico brasileiro mais rico.

Vila Rica é o centro das inquietações intelectuais da época e lá vão surgir os poetas mais importantes: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga (imagem abaixo), Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto. É a “escola mineira” caracterizando os novos ideais estéticos.


O sentido nativista do movimento será dado pelos épicos Basílio da Gama (imagem abaixo) e frei José de Santa Rira Durão, precursores do Indianismo no Brasil, com os poemas, respectivamente: O Uraguai e Caramuru.


Século XIX − início

Romantismo

→ A transformação políticas, econômicas e sociais ocorridas ao longo do século XVIII e início do século XIX provocaram o aparecimento de uma nova visão de mundo.

Resultado de uma série de fatores, sendo os mais próximos as ideias de Byron e Goethe e a Revolução Francesa em 1789, o Romantismo vai interpretar os sentimentos revolucionários da burguesia, em decorrência da perda de poder da elite aristocrática.

A democratização da arte surge com o movimento romântico. A literatura, a partir de então, desfaz o simples aspecto lúdico a que estava sujeita, e passa a interpretar a liberdade, postulado maior da nova época.

Desprezando os modelos, opondo o subjetivismo e o espiritualismo ao racionalismo e objetivismo clássico, o romântico constrói uma obra de exaltação da personalidade e de amplo conteúdo social.

Caracterizam o Romantismo:

− individualismo;
− subjetivismo;
− sensibilidade e misticismo;
− exaltação apaixonada;
− sofrimento amoroso;
− culto da natureza;
− sentido social;
− liberdade.

No Brasil, o Romantismo inicia no ano de 1836, com o aparecimento de “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães (imagem abaixo). Coincidindo com a nossa emancipação política, o movimento romântico terá cores nacionalistas acentuadas, representadas pelo culto ao índio, daí o indianismo, caráter particular do Romantismo brasileiro. Ao mesmo tempo, valorizará a cultura brasileira, dará imensa atenção aos valores subjetivos, ao mistério e à fé. Numa fase final, despertados para a realidade nacional, os artistas vão se voltar para os temas patrióticos, sociais e abolicionistas.


Entre os mais significativos artistas românticos brasileiros, salientam-se:

a) na poesia:

Gonçalves Dias, Junqueira Freire, Fagundes Varela, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves;

b) na prosa:

Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida.

Século XIX − 2ª metade

Realismo

→ O Realismo é o movimento literário da segunda metade do século XIX.

Fundamentado no culto da ciência e do progresso, o movimento realista reage contra tudo o que se identifica com o Romantismo.

Por isso, seu caráter:

− objetivo;
− racionalista;
− de observação da realidade;
− de senso do contemporâneo;
− de elaboração da linguagem.

No Brasil, o Realismo inicia no ano de 1881, com a publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, romance de Machado de Assis.

Engajados na realidade, os autores procuram refletir em suas obras os acontecimentos que marcam o novo momento cultural.

De todos os autores da época, avulta a figura de Machado de Assis (imagem abaixo). Independente, construiu imensa obra na qual dá atenção à pessoa humana com seus problemas e contradições. 


Século XIX − 2ª metade

Naturalismo

→ O movimento naturalista é um prolongamento do Realismo. Apresentando as características deste último, acrescenta-lhe, numa aproximação da literatura com a ciência, a hereditariedade de temperamentos e caracteres, o determinismo do meio ambiente, o determinismo do momento histórico e a criação de personagens patológicos.

Por isso:

− o cientificismo;
− a visão materialista do homem;
− o sentido social.

No Brasil, o Naturalismo tem início no ano de 1881, com a publicação do romance “O Mulato”, de Aluísio Azevedo (imagem abaixo).


 Entre as figuras mais representativas, encontramos: Aluísio Azevedo, Júlio Ribeiro e Raul Pompeia, este último de caráter impressionista.

Século XIX − 2ª metade

Parnasianismo

→ Movimento literário de origem francesa, surgindo entre os anos de 1860 e 1870, com a publicação da antologia “Parnaso Contemporâneo”.

Corresponde, na poesia, ao Realismo e Naturalismo na prosa.

Caracteriza-se:

− pela reação ao subjetivismo;
− pela descrição;
− por assuntos mitológicos;
− pela forma;
− pela preocupação com a arte como um fim.

No Brasil, o Parnasianismo inicia a partir de 1880, tendo como referência o modelo francês.

Os parnasianos mais expressivos são: Raimundo Correia, Alberto de Oliveira e Olavo Bilac (imagem abaixo), sendo que este último acrescenta à sua obra elementos de cunho lírico, sensual e patriótico.


Século XIX − final

Simbolismo

→ Movimento literário do final do século XIX. Corresponde a uma revolta contra o racionalismo materialista e cientificista até então reinante nas artes, durante o império realista.

O Simbolismo procurou fugir ao racionalismo e ao sentido engajado da poesia, apresentando, por isso:

− repúdio à objetividade e imposição da subjetividade;
− interesse voltado para o indivíduo;
− valorização do conhecimento intuitivo;
− uso do símbolo, representante do “eu” do poeta;
− valorização da música e seu uso no verso.

No Brasil, o Simbolismo tem início a partir de 1893, com a publicação de “Missal”, poemas em prosa, e “Broquéis”, livro de poemas em verso, ambos de Cruz e Souza (imagem abaixo), o nosso maior nome simbolista.


Século XIX (final) e Século XX (início)

Pré-Modernismo

→ Nome genérico com que se procura designar o período cultural entre os anos 1900 e 1922.

No Brasil, o termo pré-modernismo foi criado por Tristão de Athayde e engloba numa só corrente, autores de várias tendências literárias, cabendo salientar:

Euclides da Cunha;
Simões Lopes Neto;
Lima Barreto;
Coelho Neto.

Século XX

Modernismo

→ Movimento literário que abrange, com pequenas variantes, todo o século XX.

Resultado das profundas transformações sociais, políticas e econômicas ocorridas na Europa, no início do século, o Modernismo toma a si o encargo de manifestar artisticamente a nova civilização.

No Brasil, o movimento modernista começa no ano de 1922, com a Semana de Arte Moderna em São Paulo.

O Modernismo brasileiro é bastante amplo, diversificando-se:

a) entre 1922 e 1930:

Época da afirmação: Surgem os vários movimentos:

− Pau-Brasil (1925): nacionalista;
− Verde-Amarelo (1927): fortalecimento do poder;
− Anta (1927): nacionalista;
− Antropofagia (1928): retorno ao primitivismo;

b) entre 1930 e 1945:

Regionalismo: surgimento do romance nordestino com predominância dos temas sociais e políticos;

c) Pós-Modernismo: a partir de 1945.

Características da poesia modernista brasileira:

− forma livre, registra tanto da realidade interior como exterior do artista;
− expressão ampla, liberdade formal;
− versos livres, não há limitação de sílabas ou metro;
− poesia não é forma, mas essência.

Características da prosa modernista brasileira:

− cunho social;
− regionalismo;
− linguagem coloquial;
− experiências léxicas;
− experiências sintáticas;
− liberdade no vocabulário.

Entre os autores modernistas, salientam-se:

Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Cassiano Ricardo, Menotti Del Picchia, José Américo de Almeida, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Guimarães Rosa, Érico Veríssimo, Mário Quintana, Jorge Amado, José J. Veiga, Clarice Lispector, Adonias Filho, José Cândido de Carvalho, Autran Dourado.

(Do livro “Síntese Literária”, de Volnyr Santos)



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