Século XVI
Literatura informativa
→ O século XVI é a época das
primeiras tentativas dos portugueses de estabelecer a colonização no Brasil, o
que não ocorre de imediato. Seria necessário algum tempo para que se criassem as
condições ideais para a manifestação brasileira.
Os jesuítas, no contato como o silvícola,
os viajantes, com a curiosidade despertada pelo exotismo da nova terra, serão
os inspiradores das nossas primeiras letras, através da literatura jesuítica e
da literatura dos viajantes (ou informativa), com o aparecimento de documentos
de caráter meramente histórico.
A literatura dos viajantes contém
informações e comentários sobre a terra, o clima, usos e costumes dos índios,
tudo, no entanto, tratado como sentido informativo, destituído, portanto, de
valor artístico.
A literatura catequista é a que
oferece o que de melhor temos no século XVI. Aparecem os primeiros textos de
poesia e de teatro. Surge, então, o nome do padre José de Anchieta. Preocupado
com a catequese, esse jesuíta espanhol terá volumosa obra, escrita em tupi,
português ou nas duas línguas, onde aparece não só a produção de cunho
pedagógico, como também grande número de poemas e peças em latim ou espanhol.
Padre José de
Anchieta, por Benedito Calixto de Jesus,
Acervo do Museu
Paulista da USP.
Século XVII
Barroco
→ Período artístico correspondente ao século XVII.
Como ideia geral, o movimento
barroco se caracteriza pela tentativa da fusão estética do ideal medieval com
os valores da Renascença.
Daí o dualismo que define o
Barroco: religiosidade/paganismo, espírito/matéria, morte/vida, etc.
São características da literatura
barroca:
− ideias contrastantes;
− tensionamento;
− fusionismo;
− linguagem figurada.
No Brasil, o Barroco sofre
influência dos padrões estéticos portugueses. Como figura original,
restringe-se a Gregório de Matos Guerra cuja obra apresenta, além de um sentido
nativista, as contradições barrocas: num plano, a busca de Deus e a elevação do
espírito; noutro, a vulgaridade e as solicitações terrenas.
Gregório de Matos (imagem abaixo) ficará
conhecido pelo sentido satírico de parte de sua obra.
Século XVIII
Arcadismo
→ Durante o século XVIII, na
Europa, houve grande desenvolvimento da ciência, da técnica e da filosofia. Aí
se desenvolveu o movimento árcade.
O século XVIII é racionalista,
razão por que o Arcadismo apresenta as seguintes características estéticas:
− repúdio aos excessos do Barroco;
− valorização dos ideais greco-romanos;
− valorização da natureza;
− aspectos mitológicos.
No Brasil, o Arcadismo se fixou
na capitania de Minas Gerais, então o núcleo geográfico brasileiro mais rico.
Vila Rica é o centro das
inquietações intelectuais da época e lá vão surgir os poetas mais importantes:
Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga (imagem abaixo), Silva Alvarenga e Alvarenga
Peixoto. É a “escola mineira” caracterizando os novos ideais estéticos.
O sentido nativista do movimento
será dado pelos épicos Basílio da Gama (imagem abaixo) e frei José de Santa Rira Durão,
precursores do Indianismo no Brasil, com os poemas, respectivamente: O Uraguai
e Caramuru.
Século XIX − início
Romantismo
→ A transformação políticas,
econômicas e sociais ocorridas ao longo do século XVIII e início do século XIX
provocaram o aparecimento de uma nova visão de mundo.
Resultado de uma série de
fatores, sendo os mais próximos as ideias de Byron e Goethe e a Revolução
Francesa em 1789, o Romantismo vai interpretar os sentimentos revolucionários
da burguesia, em decorrência da perda de poder da elite aristocrática.
A democratização da arte surge
com o movimento romântico. A literatura, a partir de então, desfaz o simples
aspecto lúdico a que estava sujeita, e passa a interpretar a liberdade,
postulado maior da nova época.
Desprezando os modelos, opondo o
subjetivismo e o espiritualismo ao racionalismo e objetivismo clássico, o
romântico constrói uma obra de exaltação da personalidade e de amplo conteúdo
social.
Caracterizam o Romantismo:
− individualismo;
− subjetivismo;
− sensibilidade e misticismo;
− exaltação apaixonada;
− sofrimento amoroso;
− culto da natureza;
− sentido social;
− liberdade.
No Brasil, o Romantismo inicia no
ano de 1836, com o aparecimento de “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves
de Magalhães (imagem abaixo). Coincidindo com a nossa emancipação política, o movimento
romântico terá cores nacionalistas acentuadas, representadas pelo culto ao
índio, daí o indianismo, caráter particular do Romantismo brasileiro. Ao mesmo
tempo, valorizará a cultura brasileira, dará imensa atenção aos valores
subjetivos, ao mistério e à fé. Numa fase final, despertados para a realidade
nacional, os artistas vão se voltar para os temas patrióticos, sociais e
abolicionistas.
Entre os mais significativos artistas românticos
brasileiros, salientam-se:
a) na poesia:
Gonçalves Dias, Junqueira Freire,
Fagundes Varela, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves;
b) na prosa:
Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Manuel Antônio de
Almeida.
Século XIX − 2ª metade
Realismo
→ O Realismo é o movimento
literário da segunda metade do século XIX.
Fundamentado no culto da ciência e do progresso, o movimento realista reage contra tudo o que se identifica com o Romantismo.
Fundamentado no culto da ciência e do progresso, o movimento realista reage contra tudo o que se identifica com o Romantismo.
Por isso, seu caráter:
− objetivo;
− racionalista;
− de observação da realidade;
− de senso do contemporâneo;
− de elaboração da linguagem.
No Brasil, o Realismo inicia no
ano de 1881, com a publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, romance de
Machado de Assis.
Engajados na realidade, os
autores procuram refletir em suas obras os acontecimentos que marcam o novo
momento cultural.
De todos os autores da época,
avulta a figura de Machado de Assis (imagem abaixo). Independente, construiu imensa obra na
qual dá atenção à pessoa humana com seus problemas e contradições.
Século XIX − 2ª metade
Naturalismo
→ O movimento naturalista é um
prolongamento do Realismo. Apresentando as características deste último,
acrescenta-lhe, numa aproximação da literatura com a ciência, a hereditariedade
de temperamentos e caracteres, o determinismo do meio ambiente, o determinismo
do momento histórico e a criação de personagens patológicos.
Por isso:
− o cientificismo;
− a visão materialista do homem;
− o sentido social.
No Brasil, o Naturalismo tem
início no ano de 1881, com a publicação do romance “O Mulato”, de Aluísio
Azevedo (imagem abaixo).
Século XIX − 2ª metade
Parnasianismo
→ Movimento literário de origem
francesa, surgindo entre os anos de 1860 e 1870, com a publicação da antologia
“Parnaso Contemporâneo”.
Corresponde, na poesia, ao Realismo e Naturalismo na prosa.
Caracteriza-se:
− pela reação ao subjetivismo;
− pela descrição;
− por assuntos mitológicos;
− pela forma;
− pela preocupação com a arte como um fim.
No Brasil, o Parnasianismo inicia a partir de 1880, tendo
como referência o modelo francês.
Os parnasianos mais expressivos são:
Raimundo Correia, Alberto de Oliveira e Olavo Bilac (imagem abaixo), sendo que este último
acrescenta à sua obra elementos de cunho lírico, sensual e patriótico.
Século XIX − final
Simbolismo
→ Movimento literário do final do século XIX. Corresponde a
uma revolta contra o racionalismo materialista e cientificista até então
reinante nas artes, durante o império realista.
O Simbolismo procurou fugir ao racionalismo e ao sentido
engajado da poesia, apresentando, por isso:
− repúdio à objetividade e imposição da subjetividade;
− interesse voltado para o indivíduo;
− valorização do conhecimento intuitivo;
− uso do símbolo, representante do “eu” do poeta;
− valorização da música e seu uso no verso.
No Brasil, o Simbolismo tem
início a partir de 1893, com a publicação de “Missal”, poemas em prosa, e
“Broquéis”, livro de poemas em verso, ambos de Cruz e Souza (imagem abaixo), o nosso maior nome
simbolista.
Século XIX (final) e Século XX (início)
Pré-Modernismo
→ Nome genérico com que se procura designar o período
cultural entre os anos 1900 e 1922.
No Brasil, o termo pré-modernismo
foi criado por Tristão de Athayde e engloba numa só corrente, autores de várias
tendências literárias, cabendo salientar:
Euclides da Cunha;
Simões Lopes Neto;
Lima Barreto;
Coelho Neto.
Século XX
Modernismo
→ Movimento literário que abrange, com pequenas variantes,
todo o século XX.
Resultado das profundas
transformações sociais, políticas e econômicas ocorridas na Europa, no início
do século, o Modernismo toma a si o encargo de manifestar artisticamente a nova
civilização.
No Brasil, o movimento modernista começa no ano de 1922, com
a Semana de Arte Moderna em
São Paulo.
O Modernismo brasileiro é bastante amplo, diversificando-se:
a) entre 1922 e 1930:
Época da afirmação: Surgem os vários movimentos:
− Pau-Brasil (1925): nacionalista;
− Verde-Amarelo (1927): fortalecimento do poder;
− Anta (1927): nacionalista;
− Antropofagia (1928): retorno ao primitivismo;
b) entre 1930 e 1945:
Regionalismo: surgimento do
romance nordestino com predominância dos temas sociais e políticos;
c) Pós-Modernismo: a partir de 1945.
Características da poesia modernista brasileira:
− forma livre, registra tanto da realidade interior como exterior
do artista;
− expressão ampla, liberdade formal;
− versos livres, não há limitação de sílabas ou metro;
− poesia não é forma, mas essência.
Características da prosa modernista brasileira:
− cunho social;
− regionalismo;
− linguagem coloquial;
− experiências léxicas;
− experiências sintáticas;
− liberdade no vocabulário.
Entre os autores modernistas, salientam-se:
Mário de Andrade, Carlos Drummond
de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Cassiano Ricardo, Menotti Del
Picchia, José Américo de Almeida, Graciliano Ramos, José Lins do Rego,
Guimarães Rosa, Érico Veríssimo, Mário Quintana, Jorge Amado, José J. Veiga,
Clarice Lispector, Adonias Filho, José Cândido de Carvalho, Autran Dourado.
(Do livro “Síntese Literária”, de Volnyr Santos)
Uma aula de literatura
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