terça-feira, 16 de abril de 2019

O cavalo tordilho



Um esperto fazendeiro da zona da Mata, em Minas Gerais, tinha um cavalo tordilho, velho e inútil. Querendo se desfazer do pobre animal, resolveu adestrar, para esse fim, seu filho, um garoto de dez anos.

Numa tarde, apresentou-se na fazenda um senhor que queria comprar um cavalo. O astuto fazendeiro levou o cliente até o estábulo onde estavam os animais. Nesse momento, surgiu o garoto, chorando e suplicando ao pai:

− O tordilho, não, papai!... Qualquer cavalo, mas o tordilho, não!

O comprador acreditou que o cavalo tordilho era melhor do que parecia e, apesar das lágrimas e soluços do pequeno, fechou negócio, pagou o cavalo e levou-o, sem fazer caso das comoventes súplicas do inocente.

Aos três dias, o comprador estava de volta e, encarando firmemente o fazendeiro, declarou-lhe:

− Não venho aqui fazer-lhe nenhum protesto pelo tordilho que me vendeu nem mesmo exigir-lhe que me devolva o dinheiro. Eu saberei encontrar outro otário para passar o tordilho adiante. Mas, agora, eu faço questão que me empreste o garoto por uns dias...

*****

(Do Almanhaque do Barão de Itararé, de 1955)

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