Um esperto fazendeiro da zona da Mata, em Minas Gerais ,
tinha um cavalo tordilho, velho e inútil. Querendo se desfazer do pobre animal,
resolveu adestrar, para esse fim, seu filho, um garoto de dez anos.
Numa tarde, apresentou-se na fazenda
um senhor que queria comprar um cavalo. O astuto fazendeiro levou o cliente até
o estábulo onde estavam os animais. Nesse momento, surgiu o garoto, chorando e
suplicando ao pai:
− O
tordilho, não, papai!... Qualquer cavalo, mas o tordilho, não!
O comprador acreditou que o cavalo
tordilho era melhor do que parecia e, apesar das lágrimas e soluços do pequeno,
fechou negócio, pagou o cavalo e levou-o, sem fazer caso das comoventes súplicas
do inocente.
Aos três dias, o comprador estava de
volta e, encarando firmemente o fazendeiro, declarou-lhe:
− Não venho aqui fazer-lhe nenhum
protesto pelo tordilho que me vendeu nem mesmo exigir-lhe que me devolva o dinheiro.
Eu saberei encontrar outro otário para passar o tordilho adiante. Mas, agora,
eu faço questão que me empreste o garoto por uns dias...
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(Do Almanhaque do
Barão de Itararé, de 1955)
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