Hoje estamos em plena era atômica. Amanhã não haverá era. −
Foi.
O brasileiro anda tão mal de saúde que vem sentindo fome até
na barriga da perna.
Entreouvido numa sessão espírita: Salve ele! Quem é morto
sempre aparece!”
O macarrão sobe de novo. Deixou de ser o prato das massas.
− Médico carioca diz que a comida é o melhor remédio.
− Nossa! Agora mesmo é que o brasileiro não tem mais
remédio.
Deus inventou o homem, mas como
esqueceu de registrar o invento, hoje em dia qualquer imbecil faz o mesmo.
Bicha é o homem que não deu certo.
Como são as coisas, né?
Antigamente o Estado até adiantava o salário. Hoje em dia o salário é que não
adianta.
Olhando desolada pra seu
guarda-roupa, a bailarina de strip-tease reclamou: “Que barbaridade! Não tenho
mais nada pra tirar do corpo”.
Se a situação dos clubes de
futebol do Brasil continuar deste jeito, até seus títulos de campeão vão ser
protestados.
Ventríloquo é um cara que só
fecha a boca pra falar besteira.
A inflação é tanta que até nos
pagamentos à vista já estão cobrando juros e correção monetária.
Um amigo meu, como só agora foi
assaltado pela primeira vez em
Porto Alegre , pediu o autógrafo do assaltante.
A época dos conflitos de geração
tá terminada. Isso já sabe até o asqueroso do meu avô.
Já tem brasileiro tão anêmico que
seu sangue não chega nem pro exame.
A maioria dos empregadores
adianta o salário aos seus funcionários no fim do ano. O salário é que não
adianta.
A coisa anda tão ruim que já tem
desempregado por aí aceitando serviço de robô.
Não tem perigo, não. A maioria
dos brasileiros só pegou em armas durante a Revolução Sexual.
Nas constituições antigas do
Brasil, a mulher era considerada coisa. É daí que vem a expressão “coisinha
fofa”.
Leio que o fumo tira a potência.
E daí, pô? A gente fuma depois.
Parece que a poluição do Guaíba,
para alguns setores do Governo, tanto faz como tanto fezes.
Deus é brasileiro sim. Ele está é
mal assessorado.
Se Deus fosse um burocrata
brasileiro, até a criação do mundo estaria só no papel.
Depois do Alcoólatras Anônimos e
dos Fumantes Anônimos, vai ser fundado no Brasil os Pobres Anônimos, onde será
combatido o vicio de não comer todos os dias.
O certo no Brasil é que os pobres
continuarão cada vez mais pobres, e os bancos cada vez mais bancos.
Quando um cara fica espiando pelo
buraco da fechadura do banheiro uma dona tomando banho, é batata: ou vai fazer
quinze anos ou já fez há muito tempo.
Dizem que Leonardo da Vinci era
tão adiantado para o seu tempo que inventou a dobradiça e ficou anos esperando
pela porta.
Um hipocondríaco só se sente bem
quando se sente mal.
Escândalo no jogo de xadrez: o
peão comeu a rainha atrás da torre.
Era bêbado, sim, mas com muita
dignidade. Exigia que chamassem de Didelphus
Aurita, que o nome científico de gambá.
A carne aumenta hoje. Viu? Falam
muito em dianteiro, mas estoura sempre no nosso traseiro.
Erata − Onde se lê erata leia-se
Errata.
Quando um cara chato morre, pra
muita gente ele foi acometido de um bem súbito.
Revelação de um colono sem-terra:
“Eu sou tão desgraçado que, se eu fosse dois, o mais desgraçado ainda ia ser
eu”.
Numa ditadura, as baionetas
caladas são as que falam mais alto.
O puritano é cara que não sabe o
que está perdendo.
Antigamente os animais falavam.
Mas evoluíram: hoje fazem até discursos políticos.
O que tem dinheiro faz o que
quer; o que não tem, faz o que quer o que tem dinheiro.
Diz que a situação do Jardim
Zoológico anda tão ruim que, na falta de uma bandeira nacional, estão
pendurando um tamanduá-bandeira.
Devemos ser gratos à inflação,
que diabo! Ainda bem que os ovos não baixam, senão iam arrastar no chão.
Não confundir “força da opinião
pública” com “opinião da força pública”.
Sorria, brasileiro. Você pode não
ter motivo pra sorrir, mas ainda tem boca pra protestar.
Encontro entre brasileiros
pobres: − Mas que tal? Aperta os ossos!
Se a vida boa já é ruim, imaginem
a ruim.
Num regime ditatorial, quem é
vivo sempre desaparece.
(Do livro “Nobre
& Outras boas”, de Carlos Nobre*)
* Carlos Nobre (José Evaristo Villalobos): 7 de abril de 1929 − 16 de dezembro de 1985.
Algumas frases do humorista
• Lamentável a polícia. Acredita que a imprensa tem este nome justamente para ser imprensada − ZH – 1966.
• Depois do salário mínimo e do salário-família, está na hora de o governo inventar o salário verdade – ZH – 1978.
• Já notaram. Atualmente o prato típico do brasileiro é o prato vazio − ZH
–1981.
• O ministro da fazenda diz que não há desemprego no Brasil (...) numa dessas
vai acabar dizendo, também, que o povo não tem fome no Nordeste. Tem é falta de
apetite. – ZH – 1981.
• Emprego no Brasil anda tão difícil de se arranjar que já tem empresa exigindo fiador por candidato − ZH – 1981.
• O verdadeiro milagre brasileiro tá acontecendo é agora, com a gente conseguindo sobreviver no meio deste arrocho desgraçado que tem por aí. –ZH – 1982.
• O negócio não é rezar para que as coisas melhorem no Brasil. O negócio é a gente rezar para que as coisas piorem cada vez menos. ZH –1982.
• Tendo eleição, me agrada até urna funerária − ZH − 1983.
• Nunca concordei que houvesse no Brasil uma maioria silenciosa. Para mim o que
houve foi uma maioria silenciada.
• Os tempos andam tão difíceis que até pra gente ser pessimista tá ruim.
• Mulher é o homem passado a limpo – ZH – 1983.
• Antes do pecado original, Adão era só decorativo – ZH – 1982.
• Deus é bom sim. Ele está é mal cercado.
• Na primavera os botões da roupa do poeta Mario Quintana desabrocham. ZH – 1984.
• Nas agências bancárias que tem no aeroporto Salgado Filho aceitam cheques
voadores. (ZH, 2/04/1985)
• Não maldiga os passarinhos. Saia de baixo, pô.
• O cara chato não tem tédio.
• No Chile, as baionetas caladas são as que falam mais alto.
• Não confunda força da opinião pública com opinião da Força Pública.
• Nunca pergunte a um antiquário o que há de novo.
• A posição de goleiro é tão arriscada que, depois do trapezista, o goleiro é o
único que trabalha com rede.
• Quem ama o feio é porque bonito não lhe aparece.
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