segunda-feira, 1 de abril de 2019

Sylvio Abreu curto e grosso



Desenhar é fácil: é só correr o risco.

Será que para os marchantes não há vacas magras?

O martelo agride é quando baixa a cabeça.

O sol nasceu pra toldos.

O trabalho dignifica. O que avilta é o salário.

Mendicância vai mal: falta de verbas.

As opiniões aqui omitidas são de responsabilidade da autocensura.

Sempre foi um individualista. À sua maneira.

Ei, Nordeste, quando é que o feijão vai pintar nas bocas?

Nadar em Ipanema ou Leblon tanto faz como fezes.

Todo pobre, ao tentar subir na vida, sofre um impulso de cima para baixo igual e proporcional a sua insistência.

Visão distanciada da triste realidade? Só se você virar o binóculo ao contrário.

O conformista, quando sente sede de justiça, bebe.

Lá em casa não tem problemas freudianos: eu e mamãe nos damos muito bem.

Toda a noite o impetuoso delegado envolve a esposa nas garras da lei.

Para certos acadêmicos, só um chazinho da meia-noite.

Ei, pessoal: já que o mundo está em crise de papel, que tal medirmos as palavras?...

Multinacionais? É o polvo no poder.

Antídoto pra cegueira, sim senhor. Quem viver verá.

Quando eu digo que é melhor calar, todos fazem que sim, com a cabeça.

É só pensar no motivo de minha insônia e perco logo o sono.

Eu ganho um salário mínimo. Minha mulher gasta dois salários mínimos. Começo a desconfiar de alguma coisa...

(Do livro “Antologia Brasileira de Humor. J a Z 2”)

Sylvio Eduardo de Abreu (20 de dezembro de 1942, São Paulo, capital) é um ator, diretor, roteirista e autor de telenovelas e telesséries brasileiro. Em suas obras, se tornou famoso por adotar o estilo policial e, por ambientá-las em São Paulo, onde mora.

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