* 2 de julho de 1877, em Calw bei
Stuttgart, Alemanha - † 9 de agosto de 1962, em Montagnola, Suíça), escritor
alemão.
“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso
abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada
lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a
tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.”
“Quem quiser nascer tem que destruir um mundo; destruir no sentido de
romper com o passado e as tradições já mortas, de desvincular-se do meio
excessivamente cômodo e seguro da infância para a conseqüente dolorosa busca da
própria razão do existir: ser é ousar ser.”
“A trajetória de nossa vida pode parecer definitivamente marcada por
certas situações. Nossa vida, entretanto, conserva sempre todas as
possibilidades de mudança e conversão que estiverem ao nosso alcance. E tais
possibilidades são tanto maiores, quanto mais abrigarmos em nós de infância, de
gratidão, de capacidade de amar.”
“A cada chamado da vida o coração deve estar pronto para a despedida e
para novo começo, com ânimo e sem lamúrias, aberto sempre para novos
compromissos. Dentro de cada começar mora um encanto que nos dá forças e nos
ajuda a viver.”
Degrau
Assim como as flores murcham
E a juventude cede à velhice,
Também os degraus da Vida,
A sabedoria e a virtude, a seu tempo,
Florescem e não duram eternamente.
A cada apelo da vida deve o coração
Estar pronto a despedir-se e a começar de novo,
Para, com coragem e sem lágrimas se
Dar a outras novas ligações.Em
todo
O começo reside um encanto que nos
Protege e ajuda a viver
E a juventude cede à velhice,
Também os degraus da Vida,
A sabedoria e a virtude, a seu tempo,
Florescem e não duram eternamente.
A cada apelo da vida deve o coração
Estar pronto a despedir-se e a começar de novo,
Para, com coragem e sem lágrimas se
Dar a outras novas ligações.
O
Protege e ajuda a viver
Serenos transpúnhamos o espaço
após espaço,
Não nos prendendo a nenhum elo, a um lar;
Sermos corrente ou parada não quer o
espírito do mundo
Mas de degrau em degrau elevar-nos e aumentar-nos.
Apenas nos habituamos a um círculo de vida,
Íntimos, ameaça-nos o torpor;
Só aquele que está pronto a partir e parte
Se furtará à paralisia dos hábitos.
Não nos prendendo a nenhum elo, a um lar;
Sermos corrente ou parada não quer o
espírito do mundo
Mas de degrau em degrau elevar-nos e aumentar-nos.
Apenas nos habituamos a um círculo de vida,
Íntimos, ameaça-nos o torpor;
Só aquele que está pronto a partir e parte
Se furtará à paralisia dos hábitos.
Talvez também a hora da morte
Nos lance, jovens, para novos espaços,
O apelo da Vida nunca tem fim...
Vamos, Coração, despede-te e cura-te!
Nos lance, jovens, para novos espaços,
O apelo da Vida nunca tem fim...
Vamos, Coração, despede-te e cura-te!
Hermann Hesse
(1877-1962), Alemanha,
in “O jogo das contas de vidro”, tradução de Carlos Leite
in “O jogo das contas de vidro”, tradução de Carlos Leite
Eu, o Lobo da Estepe, vago errante
pelo mundo de neve recoberto;
um corvo sai de uma árvore, adejando,
mas não há corças por aqui, nem lebres!
Vivo ansiando por achar a corça,
ah! se eu desse com uma!
Tê-la em meus dentes, entre as minhas garras,
nada seria para mim tão belo.
Havia de tratá-la tão cordial,
de cravar-lhe nas ancas os meus dentes,
beber-lhe o sangue até a saciedade
a uivar depois na noite solitário.
Contentava-me mesmo com uma lebre!
Na noite sabe bem a carne flácida.
Por que de mim há de afastar-se tudo
quanto faz esta vida mais alegre?
Em minha cauda o pêlo está grisalho
e também já não vejo as coisas nítidas;
há muito que morreu a minha esposa
e vivo a errar sonhando corças,
ansiando lebres,
ouço o vento soprar na noite fria
com neve aplaco o fogo da garganta
e levo para o diabo a minha alma.
pelo mundo de neve recoberto;
um corvo sai de uma árvore, adejando,
mas não há corças por aqui, nem lebres!
Vivo ansiando por achar a corça,
ah! se eu desse com uma!
Tê-la em meus dentes, entre as minhas garras,
nada seria para mim tão belo.
Havia de tratá-la tão cordial,
de cravar-lhe nas ancas os meus dentes,
beber-lhe o sangue até a saciedade
a uivar depois na noite solitário.
Contentava-me mesmo com uma lebre!
Na noite sabe bem a carne flácida.
Por que de mim há de afastar-se tudo
quanto faz esta vida mais alegre?
Em minha cauda o pêlo está grisalho
e também já não vejo as coisas nítidas;
há muito que morreu a minha esposa
e vivo a errar sonhando corças,
ansiando lebres,
ouço o vento soprar na noite fria
com neve aplaco o fogo da garganta
e levo para o diabo a minha alma.
(Hermann Hesse)
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