sexta-feira, 5 de abril de 2019

A Lenda da Lagoa dos Barros

(Litoral)


Entre Santo Antônio da Patrulha e Osório, no caminho que leva às praias do litoral norte do Rio Grande do Sul, existe uma grande lagoa que tem o nome dos primeiros patrulhenses, uns mulatos forros que ali se estabeleceram, os Barros, cujo patriarca foi Manoel de Barros Pereira.

A beleza do lugar é incrível: grande extensão de água, praias belíssimas, matas com lenha a la farta e sombra convidativa. Mas ninguém acampa nas margens da lagoa. Pescadores e lenhadores fogem dali, olhando por cima do ombro. Ninguém se banha naquelas praias tão lindas, nenhum barco sulca as águas plácidas. No verão, então, a lagoa fica que é um espelho. Nas tormentas de inverno, porém, encrespa-se com fúria, atirando água e vento nos que passam por perto. Mas sempre vazia de gentes e de barcos.

Por quê?

Segundo a crença do povo, a lagoa é amaldiçoada. Suas margens atraem a morte. Suas águas ocultam um redemoinho, bem no meio da lagoa, que suga tudo e que leva tudo − peixes, barcos e homens − por baixo da terra até soltar no mar, muito longe da praia.

Verdade? Quem sabe!

Todos os gaúchos passam pela Lagoa dos Barros quando buscam as praias, no verão. E ela segue lá, misteriosa e assustadora, vazia de gentes e de barcos.

NOTAS:

A crença do povo da região nessas coisas é muito forte, ainda hoje, conforme minha pesquisa demonstrou. Como curiosidade mórbida, vale salientar que o corpo de Maria Luíza Häussler, foto abaixo, a vítima do famoso “Crime da Lagoa dos Barros que abalou a sociedade de Porto Alegre, na década de 1940, foi atirada às margens da Lagoa dos Barros.


(Do livro “Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul”, 
de Antônio Augusto Fagundes - Martins Livreiro)


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