(Litoral)
Entre Santo Antônio da Patrulha e
Osório, no caminho que leva às praias do litoral norte do Rio Grande do Sul,
existe uma grande lagoa que tem o nome dos primeiros patrulhenses, uns mulatos
forros que ali se estabeleceram, os Barros, cujo patriarca foi Manoel de Barros
Pereira.
A beleza do lugar é incrível: grande
extensão de água, praias belíssimas, matas com lenha a la farta e sombra
convidativa. Mas ninguém acampa nas margens da lagoa. Pescadores e lenhadores
fogem dali, olhando por cima do ombro. Ninguém se banha naquelas praias tão
lindas, nenhum barco sulca as águas plácidas. No verão, então, a lagoa fica que
é um espelho. Nas tormentas de inverno, porém, encrespa-se com fúria, atirando
água e vento nos que passam por perto. Mas sempre vazia de gentes e de barcos.
Por quê?
Segundo a crença do povo, a lagoa é
amaldiçoada. Suas margens atraem a morte. Suas águas ocultam um redemoinho, bem
no meio da lagoa, que suga tudo e que leva tudo − peixes, barcos e homens − por
baixo da terra até soltar no mar, muito longe da praia.
Verdade? Quem sabe!
Todos os gaúchos passam pela Lagoa
dos Barros quando buscam as praias, no verão. E ela segue lá, misteriosa e assustadora,
vazia de gentes e de barcos.
NOTAS:
A crença do povo da região nessas
coisas é muito forte, ainda hoje, conforme minha pesquisa demonstrou. Como
curiosidade mórbida, vale salientar que o corpo de Maria Luíza Häussler, foto
abaixo, a vítima do famoso “Crime da Lagoa dos Barros que abalou a sociedade de
Porto Alegre, na década de 1940, foi atirada às margens da Lagoa dos Barros.
(Do livro “Mitos e
Lendas do Rio Grande do Sul”,
de Antônio Augusto Fagundes - Martins Livreiro)
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