segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Algumas marchinhas de Carnaval

...com palavras de duplo sentido...


Eu Dei...

Ary Barroso

Cantado por Carmem Miranda


Eu dei...
O que foi que você deu, meu bem?
Eu dei...
Guarde um pouco para mim também.
Não sei
Se você fala por falar sem meditar.
Eu dei...
Diga logo, diga logo, é demais!
Não digo, e adivinhe se é capaz!

Você deu seu coração?
Não dei, não dei!
Sem nenhuma condição?
Não dei, não dei!
O meu coração não tem dono
Vive sozinho,
Coitadinho, no abandono.

Foi um terno e longo beijo?
Se foi, se foi!
Desses beijos que eu desejo?
Pois foi, pois foi!
Guarde para mim unzinho,
Que mais tarde
Pagarei com um jurinho.

Pó de Mico

A. Souza / Dora Lopes / Renato Araújo

Vem cá, seu guarda,
Bota pra fora esse moço,
Que está no salão brincando
Com pó-de-mico no bolso! (Bis)

Foi ele! Foi ele sim!
Foi ele quem jogou*
O pó* em mim! (Bis)

*Nos salões se cantava: foi ele quem botou o p... em mim.

Mulata Bossa Nova
(Mulata Iê Iê Iê)

João Roberto kelly

Mulata bossa nova,
Caiu no Hully Gully,
E só dá ela.
Iê iê iê iê iê iê iê iê,
Na passarela.* (Bis)

A boneca está
Cheia de fiu-fiu,
Esnobando as loiras
E as morenas do Brasil.

*Nos salões se cantava: Na b... dela.

A Pipa do Vovô

Manoel Ferreira / Ruth Amaral

A pipa* do vovô não sobe mais
A pipa do vovô não sobe mais
Apesar de fazer muita força,
O vovô foi passado pra trás! (Bis)

Ele tentou mais uma empinadinha,
A pipa não deu nenhuma subidinha.
Ele tentou mais uma empinadinha,
A pipa não deu nenhuma subidinha.

*Nos salões se cantava a pica do vovô.

Marcha do Remador

Antonio Almeida / Oldemar Magalhães

Se a canoa* não virar
Olê! Olê! Olá!
Eu chego lá! (bis)

Rema, rema, rema, remador!
Quero ver depressa o meu amor.
Se eu chegar depois do sol raiar,
Ela bota outro em meu lugar!

*Nos salões se cantava: Se essa porra não virar.
  
Mamãe, eu quero

Jararaca e Vicente Paiva

Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero
Mamãe, eu quero mamar*
Dá a chupeta, dá a chupeta,*
Dá a chupeta pro bebê não chorar. (Bis)

Dorme, filhinho, do meu coração,
Pega a mamadeira e entra no meu cordão.
Eu tenho uma irmã que se chama Ana,
De piscar o olho, já ficou sem a pestana.

Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero
Mamãe, eu quero mamar.
Dá a chupeta, dá a chupeta,
Dá a chupeta pro bebê não chorar.

Olho as pequenas, mas daquele jeito
Tenho muita pena não ser criança de peito
Eu tenho uma irmã que é fenomenal
Ela é da bossa e o marido é um boçal.

Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero.
Mamãe, eu quero mamar,
Dá a chupeta, dá a chupeta,
Dá a chupeta pro bebê não chorar.

*Nos salões se trocavam as palavras chorar por gozar; e chupeta ou por outra da mesma rima...

Cabeleira do Zezé

João Roberto Kelly e Roberto Faissal

Olha a cabeleira do Zezé,
Será que ele é?
Será que ele é? (Bis)

Será que ele é bossa nova?
Será que ele é Maomé?
Parece que é transviado,*
Mas isso eu não sei se ele é.

Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!

*Nos salões se cantava: Parece que é viado...

Diabo sem rabo

Haroldo Lobo / Milton de Oliveira

A minha fantasia de diabo,
Só falta o rabo, só falta o rabo.

Eu vou botar um anúncio no jornal:
“Precisa-se de um rabo
Pra brincar no carnaval”. (bi)

Já comprei lança
Carapuça, comprei tudo.
Até o pé de pato
E capa de veludo.

Mas, que diabo!
Puxa, puxa, que diabo!
Depois de tudo pronto
Eu notei que falta o rabo.

Uma letra do Carnaval de 1919

Esta música de carnaval cantada por homens e mulheres na década de 20 já deixava clara a nossa aptidão para a sacanagem carnavalesca de duplo sentido:
  
Cavalheiros: Na minha casa não se racha lenha.
Damas:         Na minha racha! Na minha racha!

Cavalheiros: Na minha casa não há falta d′água.
Damas:         Na minha abunda! Na minha abunda!

Damas:         Na minha casa não se pica fumo.
Cavalheiros: Na minha pica! Na minha pica!

No livro “A Música Popular no Romance Brasileiro − volume III”, José Ramos Tinhorão explica que esta música foi colhida pelo escritor e jornalista Mário Filho no carnaval carioca de 1919.

O carnaval de 1919 foi o primeiro depois que a cidade se recuperava da epidemia de gripe espanhola, daí essa explosão especial de alegria.

(Do blog BuzzFeed)

Saiba a engraçada história por trás da marchinha de carnaval

Índio quer apito

Índio quer apito” é umas músicas mais tocadas nas ruas do Brasil durante o carnaval. Segundo o cantor baiano Walter Levita, numa visita a uma comunidade indígena, a esposa do então Presidente Juscelino Kubitschek, Sarah, havia levado muitas bugigangas para agradar os índios.

Na hora em que ela tentava colocar um colar no pescoço do chefe índio (que era bem mais alto do que ela), a primeira-dama soltou um leve “pum”. Aí o chefe, inocentemente, ou sacanamente, teria dito a famosa frase que passaria a circular no anedotário do carioca.

− Índio não quer colar, índio quer apito!

Em 1961 os dois excelentes compositores carnavalescos, Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, aproveitando essa fofocaria do povo, driblaram a censura lançando a maliciosa marchinha “Índio quer apito”.

Ê, ê, ê, ê, ê, Índio quer apito
Se não der, pau vai comer!
Ê, ê, ê, ê, ê, Índio quer apito
Se não der, pau vai comer! (Bis)

Lá no bananal mulher de branco
Levou pra índio colar esquisito.
Índio viu presente mais bonito,
Índio não quer colar! Índio quer apito!




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