terça-feira, 29 de outubro de 2019

Sambas pras Ritas



Desenho de Lan

Rita

Chico Buarque
   
A Rita levou meu sorriso,
No sorriso dela,
Meu assunto.
Levou junto com ela
E o que me é de direito,
Arrancou-me do peito
E tem mais,
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel.

A Rita matou nosso amor
De vingança,
Nem herança deixou.
Não levou um tostão,
Porque não tinha não,
Mas causou perdas e danos.
Levou os meus planos,
Meu pobres enganos,
Os meus vinte anos,
O meu coração,
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão.

Samba que nem Rita, à Dora.

Luís Carlos da Vila

O Chico falou que a Rita levou
O sorriso dele e o assunto.
Eu sofri seu sofrer, mas pergunto:
Se o meu ele iria aguentar,
A quem tanto queria um presunto,
Dei meu corpo morrendo de amar,
Onde havia um horizonte defunto,
Pus o sol a brilhar. (Bis)

Num instante eu tirei
Suas mãos lá do tanque,
Presenteei...
Máquina de lavar,
Contratei pra passar
Dona Sebastiana!
Testemunha ocular do esforço que fiz
Para ver tudo azul,
Que até carvão e giz,
Teriam final feliz na África do Sul.

Acontece, ô Chico,
Você mesmo disse
Que a Rita levou o que era de direito,
Acontece que a Dora sem ter o direito
Levou tudo que eu já iria lhe dar.

Se não deu pra formar um conjunto,
O meu som não podia dançar.
Se não deu pra gente ficar junto,
É um lá, outro cá!

Lhe dediquei!
Uma trova, um soneto e um samba-canção,
Mas é que essa danada não tem coração.
Tem não! Tem não!
Sem mais, sem menos, resolveu ir embora. (bis)

P.S. A gravação das duas músicas está na internet.

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